O Conselho de Ilha das Flores alertou hoje para a “situação calamitosa” da agropecuária por causa do mau tempo, sublinhando que morreram mais de 300 animais e poderá haver problemas com as reservas de alimentos no próximo inverno.
Segundo o presidente do Conselho de Ilha, Paulo Reis, a chuva intensa e os ventos fortes que assolaram as Flores desde outubro provocaram a morte de mais de 300 cabeças de gado e, além da perda dos animais, os agricultores perderam também direito a candidatá-los a subsídios e apoios dados à agropecuária.
“Mas mais grave que isso é, nesta altura, em maio, ainda não termos conseguido fazer as adubações das pastagens para prevenirmos os cortes de celagem, de palha, de feno, que nos permitem fazer face às necessidades do próximo inverno. Isso é que é preocupante. Se não conseguirmos fazer isso, vamos ter um problema duplo no próximo inverno, é que não temos reservas. E caso esse inverno for como o deste ano, as coisas complicam-se muito”, sublinhou.
Paulo Reis falava aos jornalistas em Santa Cruz das Flores, no final de uma reunião do Conselho de Ilha com o Governo Regional dos Açores.
Durante a reunião, o secretário regional dos Recursos Naturais, que tem a pasta da agricultura no executivo açoriano, garantiu estar a acompanhar a situação e “atento”.
Luís Neto Viveiros lembrou que em março o Governo Regional desbloqueou ajuda aos criadores de gado, para a compra de 100 mil toneladas de alimentos para os animais. Às Flores, acrescentou, foram atribuídas inicialmente 300 toneladas dessa ajuda, que já foram ultrapassadas, mas existe ainda um ‘plafond’ de três mil toneladas a nível regional por usar.
Paulo Reis afirmou, no final da reunião, que, em relação aos apoios aos produtores que perderam animais ou estão sem alimentos para o gado, “a questão está resolvida” com estes apoios já desbloqueados.
Quanto à questão das reservas e das pastagens, Neto Viveiros disse ser necessário agora esperar o desenrolar da situação meteorológica para decidir sobre eventuais novos apoios.
No final da reunião, em declarações aos jornalistas, o presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, admitiu também que poderão ser acionados novos apoios, caso se verifique a sua necessidade.
Os conselhos de ilha são órgãos consultivos que integram os presidentes das câmaras e das assembleias municipais, deputados das assembleias municipais e representantes de associações e movimentos sindicais, empresariais e agrícolas de cada ilha dos Açores.
O Governo dos Açores iniciou hoje uma visita às Flores, cumprindo o Estatuto Político-Administrativo da região, que obriga o executivo a ir a todas as ilhas, pelo menos, uma vez por ano e a reunir-se em conselho durante a estadia.
Lusa