“Criolabaçores” é o nome do projecto vencedor do Concurso Regional de Empreendedorismo 2008, levado a cabo pela Secretaria Regional da Economia.
Este ano tratou-se da terceira edição, e nela disputaram vinte e dois projectos das ilhas de São Miguel (17), Santa Maria (2), Terceira (1), São Jorge (1) e Pico (1).
O segundo prémio coube ao “Tritur”, um projecto que pretende aplicar metodologias inovadoras na execução do processo de eliminação de massas documentais. Em terceiro lugar foi premiado o “BrandExpert”, na área de Aconselhamento em Comunicação.
O projecto que conquistou o primeiro prémio, no valor de 5 mil euros -“Criolabaçores” – foi elaborado por Tânia Pereirinha e Maria José Brilhante, ambas biólogas na Unidade de Genética e Patologia Moleculares do Hospital Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada.
O trabalho, inovador na Região, consiste na criopreservação de células estaminais do sangue do cordão umbilical.” Em conversa com o AO as jovens empreendedoras deram a conhecer um pouco mais este trabalho.
Fale-nos um pouco do vosso trabalho.
Maria José Brilhante – “Criolabaçores” contempla um laboratório onde se procede à criopreservação de células estaminais do sangue do cordão umbilical.
A criopreservação é um processo de congelação a temperaturas criogénicas, normalmente recorrendo a azoto líquido, onde as células estaminais poderão manter-se viáveis por vários anos, sendo preservadas a 196 graus negativos.
Por sua vez as células estaminais são seres indiferenciados com capacidade de auto-renovação, divisão indefinida e diferenciação, originando diversos tipos de linhagens celulares.
Estas células têm o potencial de se tornarem maturas com características e funções especializadas, como por exemplo células nervosas, cardíacas, da pele, do sangue, do osso ou da cartilagem. As do sangue do cordão umbilical são células estaminais adultas.
Por outras palavras, e de uma forma simplificada, a criopreservação consiste em congelar células que estão no cordão umbilical de um recém-nascido durante um determinado número de anos (20 a 25). Estas células ficarão a cargo dos pais/tutores da criança até ela completar 18 anos e, eventualmente, querer tomar posse das mesmas.
Se, ao longo do tempo em que as células estão preservadas, o indivíduo tiver uma determinada doença que possa ser tratada com elas, ele poderá recorrer ao laboratório, mediante uma requisição assinada pelo médico, para que as mesmas lhe sejam disponibilizadas.
Em termos práticos, como é que o vosso projecto é aplicável na medicina?
Tânia Pereirinha – O nosso projecto tem como objectivo a utilização de células estaminais do sangue do cordão umbilical no tratamento de diversas doenças ao longo da vida do próprio recém-nascido, bem como também dos seus familiares. Entre essas doenças temos a leucemia, anemia, linfomas, tumores sólidos, cancro e doenças hereditárias adquiridas no sistema sanguíneo ou imunitário.
Fazia falta um projecto deste cariz na Região?
MJB – Foi ao trabalharmos no Laboratório de Genética do Hospital que melhor nos familiarizámos com esta tecnologia, por termos servido como uma espécie de intermediário no que respeita ao envio do sangue, entre os pais que querem criopreservar as células dos seus filhos e as empresas existentes em Portugal continental. O que acontece aqui nos Açores é que muita gente não tem conhecimento disto, pois não há muito acesso a determinado tipo de informação. Desta forma, o nosso objectivo era, por um lado poder disponibilizar informação às pessoas da Região, e por outro lado permitir que elas se desloquem a uma sede aqui nos Açores . Fácil acesso à informação e melhor qualidade de vida para a população açoriana é o grande objectivo deste projecto.
Vão prosseguir com a abertura do Laboratório?
TP – Gostávamos muito de prosseguir com o projecto, mas é um pouco complicado, uma vez que esta área requer muito investimento.
MJB – Estamos a falar de um laboratório que exige um grande financiamento. Os equipamentos são muito caros e a manutenção das células com azoto líquido também tem custos bastante elevados.
“Ideia de Negócio Empreendedor”
A Secretaria Regional da Economia promove anualmente o Concurso Regional de Empreendedorismo (CRE) que tem por objectivo estimular a participação dos jovens na actividade económica através da criação de planos de negócio inovadores, executáveis e adequados a uma necessidade de mercado.
Os principais objectivos passam por despertar a sociedade para o empreendedorismo; cativar os jovens para a criação de empresas;
fomentar a abordagem ao empreendedorismo no sistema de ensino; actuar a montante do Empreende Jovem – Sistema de incentivos ao empreendedorismo. Este concurso destina-se a jovens com idades compreendidas entre os 18 e os 35 anos, que a ele poderão concorrer a título individual ou em grupo.
in Aoriental / Tânia Silva