“De facto, é para não haver despedimentos. Nós naquele estaleiro temos uma coisa muito má, que é a desproporção entre diretos e indiretos. O normal num estaleiro é um indireto para 6 ou 7 diretos. Nós temos uma desproporção e isso tem que ser equilibrado”, afirmou Jorge Camões durante uma audição na comissão parlamentar de Defesa.
Jorge Camões afirmou existir “gente muito competente, com muito valor e que não se pode perder” a trabalhar nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, que têm cerca de 600 trabalhadores.
“Não há de facto despedimentos, a menos que haja quem não queira trabalhar, pode acontecer, também há e conhecem-se”, disse.
O responsável afirmou-se “chocado” com a situação que encontrou nos estaleiros quando tomou posse em agosto do ano passado e sublinhou que se trata de uma indústria que é um caso “único no país, com experiência única e capacidade tecnológica para projetar e construir navios oceânicos “.
Manifestando-se “muito satisfeito” com o anúncio do Governo de privatizar os Estaleiros – sublinhou, aliás, tratar-se de uma “reprivatização”, pois já existiram como parte da CUF – Jorge Camões disse que tinha entregado previamente “quatro cenários” à tutela e em dois desses cenários havia “viabilidade”.
“Mostrámos técnica e financeiramente que eram viáveis”, afirmou.
Quanto aos interessados, há “um leque” de interessados “estrangeiros e nacionais”, que são “entidade sérias, que manifestaram querer ir a jogo, de acordo com o caderno de encargo coordenado pelas Finanças com assessoria da Defesa”.
“Vai ser uma equipa conjunta, como acontece nas privatizações”, disse.
“Há de facto intenção séria de gerir o estaleiro de uma forma séria”, sublinhou.
O Governo anunciou na segunda-feira que vai lançar, dentro de 45 dias, um concurso público internacional para a reprivatização total dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, existindo já seis potenciais grupos interessados na compra da empresa ligados à indústria naval chinesa e russa, mas também investidores nacionais.
O objetivo da tutela passa por reprivatizar a empresa – nacionalizada há 37 anos a pedido dos trabalhadores e da própria administração -, nos próximos quatro meses.
Lusa