“Os Açores têm que ser mais conhecidos no Reino Unido”

Promover as ilhas e garantir ligações aéreas é o que falta para, na opinião do embaixador em Portugal, atrair mais turistas às ilhas que na sua opinião tem “óptimas condições” para o chamado turismo de qualidade e da natureza. Assim como para investimento.

A “mais antiga aliança” foi estabelecida entre Portugal e Inglaterra pelo Tratado de 1373, traduzido no plano político e económico ao longo dos anos. Os Açores, no séc. XIX, por exemplo, tinham no mercado inglês  o principal destino da laranja então produzida para  exportação. No séc. XXI, o embaixador do Reino Unido em Portugal, de visita à Região, concedeu uma entrevista ao Açoriano Oriental onde defende que as relações podem ser incrementadas.
Esteve nos Açores em 1995 e regressa como embaixador. Quais os objectivos desta visita?
São três os objectivos: primeiro, conhecer as altas instâncias do território (Representante da República e presidente do Governo Regional dos Açores), segundo, conhecer um ‘bocadinho’ mais da realidade açoriana ‘ e, terceiro, falar com o nosso estimado cônsul honorário sobre o seu sucessor.
Como está a decorrer o processo?
Falamos com algumas pessoas e  há uma série de trâmites que temos que respeitar mas espero, em breve, podermos anunciar qual vai ser o sucessor. E quero aproveitar para, mais uma vez, fazer uma homengam ao trabalho que foi feito pelo eng.º António Gomes de Meneses que tem sido um cônsul honorário da melhor qualidade e que continua a ser uma figura muito importante para nós, nestas ilhas.
O turismo foi abordado na audiência com o presidente do Governo…
O Reino Unido continua a ser, se não me engano, depois de Espanha, a principal fonte de turistas para Portugal, mais ou menos 2,5 milhões/ano, sendo que a maioria vai para o Algarve, cerca de 1,8 milhões(…). Para cá, serão à volta de 12 mil turistas por ano e o Governo Regional quer aumentar esse número, o que eu acho muito bem. Daquilo que eu vi da realidade açoriana, há óptimas condições para o turismo de qualidade, turismo da natureza e, a meu ver, isso vai ser cada vez mais um mercado importante. Também é muito importante conseguir ter as ligações aéreas necessárias para trazer estes turistas, outro aspecto sobre o qual falei com o presidente do Governo Regional e também acho que é preciso ‘ligar’ o turismo com política, com o que em inglês chamamos “policies” (planos de actuação).
E em termos de negócios ou outras áreas de potenciais parcerias? 
A meu ver, o turismo vai ser uma delas e os Açores têm que ser mais conhecidos no Reino Unido. E faço ‘publicidade’ sem problema nenhum na secção comercial e de investimento,  na Embaixa (UK Trade & Investment)  que trabalha exactamente nesta área para ver se é possível investimentos dos Açores no Reino Unido e, também, para ajudar as empresas britânicas que querem trabalhar aqui. Muitas vezes, também, as nossas relações comerciais na alta tecnologia estão associadas à pesquisa. Por exemplo, na área das energias renováveis em que ainda há muita coisa para fazer (o primeiro parque energético das ondas do mundo, em Leixões, recorre a tecnologia britânica) é, talvez, uma das áreas que pode ser explorada.
Como é que surgiu a sua relação com Portugal? (ler perfil)
Quando me candidatei pela primeira vez para o entrangeiro – depois de entrar no Ministério dos Negócios Estrangeiros, há muitos anos -, olhei para a lista de postos e pensei: – Portugal seria um país muito agradável para viver. Felizmente, tinha razão! (…)
Em relação aos Açores, lembro que as relações históricas são muito profundas, em várias áreas: a construção por ingleses do cabo submarino no Faial, da pista da Terceira, na II Guerra Mindial, o ciclo da laranja…
E houve umas batalhas ao largo…
Sim, sim… Há um poema inglês “Flores in the Azores”, sobre um barco britânico numa batalha naval  (“At Flores in the Azores Sir Richard Grenville lay, And a pinnace, like a fluttered bird, came flying from far away:‘Spanish ships of war at sea! we have sighted fifty-three!’ “ Alfred Tennyson)!

Governo quer melhorar ‘ponte’ entre destinos 

Pela primeira vez nos Açores, na qualidade de diplomata, o embaixador do Reino Unido em Portugal, Alexander Ellis, foi recebido ontem no Palácio de Sant’Ana por Carlos César, que manifestou a intenção de aumentar o fluxo de turistas ingleses para a Região.
O objectivo é procurar “vantagens para a Região, particularmente no sector turístico”, explicou o presidente do Governo, adiantando que vão ser preparadas viagens institucionais que vão permitir uma promoção exponencial do destino Açores. O embaixador veio aos Açores para homenagear o cônsul honorário do Reino Unido nos Açores, António Gomes de Menezes, que cessa funções dentro de alguns meses, e para procurar um sucessor para o exercício das suas funções (ler entrevista). Depois de conversar com Carlos César, Alexander Ellis referiu que existem desafios comuns ao Reino Unido e Açores nestes “tempos difíceis que estamos a viver”, nomeadamente, nas áreas do turismo, desenvolvimento energias renováveis e combate ao desemprego.||JC

‘Apaixonado’ pelo país onde se apaixonou

Alexander Wykeham Ellis que entre
2005 e 2007 trabalhou em Bruxelas em comissão de serviço como assessor do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e ao lado de um açoriano, Pedro Cymbron, é casado com Maria Teresa Adegas (portuguesa e diplomata) com quem tem um filho. Para ele, Portugal é, por isso, mais do que um posto. Do currículum constam dois anos em Madrid, como conselheiro e chefe da Secção de Assuntos Europeus e Questões Globais, outros dois no Ministério dos Negócios Estrangeiros (Londres), como chefe da Secção de Alargamento, da Direcção Geral de Assuntos Europeus, outros tantos na Representação Permanente do Reino Unido em Bruxelas, como secretário Económico e depois com o pelouro das instituições europeias. Antes disto, entre 1992  e 1996, esteve colocado na Embaixada em Lisboa como Terceiro Secretário.

 

 

in AOriental / Olimpia Granada

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