O cabeça de lista do CDS-PP Açores às Eleições Legislativas do próximo Domingo, Félix Rodrigues, lamentou, esta quarta-feira, que a estratégia dos socialistas em termos de política externa seja, “primeiro com Espanha, a seguir Espanha e, por fim, Espanha” e que a posição geoestratégica dos Açores seja apenas uma virtualidade aproveitada “pelos Estados Unidos da América”.
Numa conferência de imprensa, junto à entrada principal da Base das Lajes, na Praia da Vitória, o candidato centrista afirmou que “a Base das Lajes é um símbolo da geoestratégia americana, não um símbolo da geoestratégia portuguesa, porque não sabemos aproveitar as nossas potencialidades. No fundo, quando se pensa em geoestratégia pensa-se em aluguer. E o Governo do PS, do Eng. Sócrates, é um óptimo arrendatário, mas não tem uma ideia concreta sobre o que é geoestratégia”.
“É fácil perceber que os Açores ocupam, desde Santa Maria ao Corvo, uma posição privilegiada a nível mundial, mas que tem sido unicamente utilizada para fins militares. Os Açores são pontos fundamentais para a defesa da Europa e do Atlântico. É preciso uma estratégia para isso”, advoga.
No entanto, salienta Félix Rodrigues, para que tal seja possível é igualmente necessária “uma estratégia adequada para a política externa”. Segundo o candidato popular, “o Eng. Sócrates defende que, se for Primeiro-Ministro, a sua primeira prioridade em política externa é Espanha, a seguir Espanha e a terceira é Espanha. Estamos em total desacordo. Para o CDS-PP a política externa portuguesa tem que ser primeiro com a Europa, a seguir com os Estados Unidos da América e depois com os países de língua oficial portuguesa”. E isto porque, lembrou, “já dizia Fernando Pessoa que a nossa língua é a nossa pátria”.
Para o cabeça de lista democrata-cristão a São Bento, “esta postura tem consequências importantes em termos de desenvolvimento”, dando, como exemplos, que nos Açores, recentemente, tenham surgido infra-estruturas como a estação de qualidade do ar no cimo da montanha do Pico, uma estação científica na Graciosa e a estação da ESA em Santa Maria.
Ou seja, disse, “temos potencial geoestratégico”.
Porém, considera Félix Rodrigues, “também temos potencial geoestratégico para o comércio. Nós podemos ser um centro da economia mundial em era de globalização. Temos é que ter ideias e estratégia. Nos últimos anos não tivemos estratégias e, portanto, olhamos para a Europa e importamos tudo. Não somos capazes de produzir e transportar daqui para o Brasil, os EUA e África”.
Os Açores, frisa o popular, “têm que ter forçosamente um papel relevante em termos de defesa: da defesa da Europa e do Atlântico, mas não têm tido”, lamentou.
Em relação ao vulgarmente conhecido Acordo das Lajes, Félix Rodrigues considera que existem pormenores que “são criticáveis”, nomeadamente as questões salariais. “Sempre defendemos e continuamos a defender que nos acordos bilaterais é preciso que o Governo Português assuma as suas responsabilidades e não deixe os problemas, que resultam das questões laborais, em cima dos trabalhadores, porque eles são acima de tudo trabalhadores portugueses. Quando uma das partes não cumpre é Portugal que tem que assumir. A Base das Lajes é importantíssima para os Açores e para Portugal. Lamentavelmente só é usada estrategicamente pelos americanos”.
A finalizar, Félix Rodrigues recuou dois mil anos para citar Aristóteles: “os mais pequenos sempre defenderam a equidade e a justiça e os grandes não os ouvem”. Dito isto, concretizou: “Os Açorianos têm que perceber que os pequenos só conseguem defender a equidade e a justiça quando os grandes ficam mais pequenos e os pequenos ficam maiores”.
E rematou: “Defendemos a descentralização de competências, quando na Região fazemos melhor do que na Capital; Defendemos melhores transportes aéreos e mais baratos; Defendemos mais e melhor agricultura, através da diversificação agrícola; Defendemos a rentabilização dos recursos marinhos, contra um TGV que faz subir muito menos o PIB; Defendemos que a educação é integração não é hostilidade; Defendemos que segurança é liberdade; Defendemos a utilização dos potenciais das regiões autónomas como forma de desenvolvimento sustentável do todo nacional. São propostas não para quatro anos. São propostas para o longo prazo, para o futuro dos nossos filhos”.