Sociedade Amor da Patria – 150 anos de história

amor-patriaA Sociedade Amor da Pátria, designada por muitos como o “berço da autonomia açoriana” vai comemorar no próximo dia 28 de Novembro , 150 anos.

Uma data tão marcante merece um programa igualmente marcante, passe a redundância.

Estivemos à conversa com João Bettencourt, presidente da Direcção da instituição que nos falou do programa que teve início já no dia 16 de Novembro e se estende até ao próximo dia 5 de Dezembro e que foi elaborado por uma comissão nomeada para o efeito, presidida por Fernando Menezes.

 

“Tendo em conta toda a história da Sociedade Amor da Pátria e a importância que teve no passado, tem no presente e esperamos que continue a ter no futuro, decidimos fazer um programa alargado” – sublinhou João Bettencourt, “importa registar que a Sociedade Amor da Pátria foi o berço da autonomia nos Açores, pelo que o primeiro dia de comemorações foi marcado pelo descerramento de uma placa alusiva a isso mesmo.

 

Ainda no mesmo dia foi proferida uma palestra sobre o arquitecto Norte Júnior que foi quem projectou este edifício. Patente ao público estará também uma mostra de fotografia e peças maçónicas relevantes.”


Manuel Joaquim Norte Júnior, também ele um maçon, visitou a cidade da Horta em 1931, tenso assistido ao lançamento da primeira pedra em Agosto desse mesmo ano. O edifício demorou três anos a ser construído, e foi inaugurado a 30 de Junho de 1934.

 

Do vasto programa sobressaem as conferências pelos Grão-Mestres da Grande Loja Legal e do Grande Oriente Lusitano.

 

De acordo com informação retirada da Wikipédia, a Sociedade Amor da Pátria é “uma sociedade maçónica repleta de história, fundada na cidade da Horta, Açores, em 28 de Novembro de 1859, onde a Loja Maçónica “Amor da Pátria” funcionava em paralelo com o inicial clube recreativo. Seus membros praticavam o rito maçónico do Grande Oriente Lusitano. “O Amor à Pátria é que nos Guia” é o seu lema.”

 

Rapidamente, esta sociedade alargou os seus interesses para obras de carácter cultural, económico e social, como foi o caso da inauguração de uma escola primária nocturna na Horta, e depois, uma outra na freguesia dos Flamengos e, em 1862, a constituição da “Caixa Económica Faialense”, para subsidiar as obras de beneficência da Sociedade.

 

A sede da Sociedade funcionou num Solar do Morgado Terra, localizado a Norte do actual edifício, e onde, em Agosto de 1930, deflagrou um violento incêndio que destruiu o segundo andar, ocupado pela Sociedade e pela Loja Maçónica, salvando-se apenas o andar onde existia a instituição de crédito e duas salas de jogo. Após o incêndio, foi deliberado que se construísse um edifício de raiz, no mesmo local onde o prédio se apresentava em ruínas.

 

“Por tudo isto, por toda a história que esta sociedade enceta, não podemos deixar de falar na maçonaria e nos seus aspectos” – frisa o presidente da Direcção.

 

Actualmente a Sociedade Amor da Pátria tem mais de 400 associados, “nos últimos dois anos entraram cerca de 40 nossos sócios, ou seja, 10% do número total, e, na sua maioria, jovens. Isto é benéfico para a Sociedade e vem contrariar a ideia de que é uma Sociedade composta por uma faixa etária mais velha e pouco aberta a novos sócios. Aliás, isso é bem visível nos bailes que temos realizado, que têm sido muito frequentados por jovens”.

 

Onze sócios vão receber diplomas de sócios honorários no âmbito destas comemorações. Foram escolhidos tendo como critério a data de inscrição.

 

O baile de gala vai ser animado pela Splash the Band, uma banda que tem vindo animar os últimos bailes da Sociedade Amor da Pátria. Durante o baile vai haver ainda a tradicional apresentação de debutantes.

 

Outro ponto que sobressai do programa é a Dança da Quadrilha. Sobre isso João Bettencourt diz à nossa reportagem que “há 50 anos houve uma exibição da quadrilha e decidimos recriar este momento”.

 

Para perpetuar esta data vai ser lançado o livro histórico evocativo dos 150 anos. Uma obra editada pela Sociedade Amor da Pátria, num total de 500 exemplares, e escrito por António Lopes, Carlos Lobão e Maria Calado.

 

 

A Quadrilha

Este ano, em bom tempo, a Direcção decidiu retomar uma tradição que animou o baile dos 100 anos da Sociedade. Assim sendo, 50 anos depois, vai dançar-se no Amor da Pátria a “Quadrilha”.

 

A Quadrilha é uma contradança de origem holandesa. Teve o seu apogeu no séc. XVIII, em França, onde recebeu o nome de “Neitherse“. Tornou-se muito popular nos salões aristocráticos e burguês do séc. XIX em todo o mundo ocidental.

 

Diva Bettencourt, professora de dança, está a orientar os 12 pares que vão fazer a demonstração desta dança no baile do dia 28.

 

“A dança da quadrilha é uma dança do século XVIII que já foi dançada no Amor da Pátria há muitos anos e que caiu em desuso. É uma dança de corte, com muitas vénias, a música parece uma marcha. Mas a maior característica é, sem dúvida, o facto de existirem muitas vénias” – explica Diva Bettencourt.

 

Diva contou com o apoio e orientação do Professor Luís Arruda, conceituado bailarino e professor de dança da Região, que actualmente, e a título de curiosidade, dá aulas de danças de salão no Coliseu Micaelense, e prepara sempre a abertura dos bailes naquele recinto.

 

Luís Arruda esteve na Horta a dar formação à professora Diva Bettencourt que, ao longo destas últimas semanas e até ao aniversário, vai orientar os 12 pares.

 

“Tem sido uma experiência muito gratificante, temos passado muitas horas juntos e é um grupo muito unido e heterogéneo” – frisa Diva Bettencourt, que viu a dança entrar na sua vida aos 3 anos de idade. Fez conservatório e depois disso, foi viver para as Flores onde, paralelamente à formação, esteve a orientar vários grupos. No Faial, está a dar aulas de bailado clássico e danças de salão na Sociedade Amor da Pátria. Tem previsto para Junho um espectáculo com as suas alunas de bailado clássico, alusivo ao Feiticeiro de Oz.

 

Diva é da opinião que “no Faial existem muito bons bailarinos”.

Teresinha Constantino e Carlos Silveira fazem parte dos 12 pares que vão dançar a quadrilha. Curiosamente, há 50 anos atrás, por ocasião do centenário da Sociedade Amor da Pátria, este casal participou nesta dança.

 

À nossa reportagem disse ter abraçado logo a iniciativa da Direcção porque “por ser uma tradição que me despertou interesse e entusiasmo, tal como há 50 anos, agora não poderia deixar de participar”.

 

Ao Jornal, Teresinha Constantino recordou que, há 50 anos era presidente da Sociedade o Sr. Campos que dançou a quadrilha com sua filha, Tininha Campos, “éramos mais pares que agora, mas é muito bom recordar uma dança que era dançada essencialmente pelos nobres nos palácios. Estou muito entusiasmada em, com a minha idade, voltar a recordar a quadrilha”.

 

 

 

 

 

Programa

 

16 de Novembro – 21horas

Descerramento de placa evocativa da 1.ª Assembleia Regional

Comunicação do Presidente da Assembleia Geral

Conferência sobre vida e obra do Arq. Norte Júnior pela Prof. Maria Calado da Universidade Técnica de Lisboa

Atribuição de Diplomas de Sócio Honorário

Apresentação da Medalha Comemorativa

 

 

28 de Novembro – 22horas

Baile do 150.º aniversário

Ceia

Apresentação das debutantes

Exibição da dança Quadrilha

 

 

5 de Dezembro – 21horas

Sessão solene comemorativa

Comunicado do Presidente da Direcção

Conferencia pelo Grão-Mestre do Grande Oroente Lusitano (GOL), Prof. António Reis

 

 

 

 

Maçonaria

A maçonaria é uma associação de carácter universal, cujos membros cultivam a filantropia, justiça social, aclassismo, humanidade, os princípios da liberdade, democracia e igualdade, aperfeiçoamento intelectual e fraternidade, é assim uma associação iniciática, filosófica, filantrópica e educativa. Os maçons estruturam-se e reúnem-se em células autónomas, designadas por oficinas, ateliers ou (como são mais conhecidas e correctamente designadas) Lojas, “todas iguais em direitos e honras, e independentes entre si.”

 

Sendo uma associação iniciática, utiliza diversos símbolos, dos quais apenas alguns são geralmente conhecidos.

Cada Loja Maçónica é composta pelo Venerável Mestre (ou Presidente), que preside e orienta as sessões, pelo Primeiro Vigilante, que conduz os trabalhos e trata da organização e disciplina em geral e pelo Segundo Vigilante, que instrui os aprendizes.

 

O Orador, que sumariza os trabalhos e reúne as conclusões é coadjuvado pelo Secretário, que redige as actas e trata da sua conservação e é responsável pelas relações administrativas entre a loja e a obediência e junto com o Venerável Mestre. O Mestre de Cerimónias, que introduz os irmãos na loja e conduz aos seus lugares os visitantes, e ajuda o Experto nas cerimónias de iniciação, o Tesoureiro, que recebe as quotizações e outros fundos da loja e vela pela sua organização financeira, e por fim o Guarda do Templo (que nalguns Ritos e lojas é só externo noutros é externo e interno e ainda noutros ambos são ocupados por irmãos diferentes) e que vela pela entrada do Templo são outros oficiais igualmente importantes.

 Os cargos do Venerável Mestre ao Secretário são chamados as luzes da oficina.

 

 

 

 

Maria Jose Silva

 

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