Mulheres são as principais prejudicadas pelas medidas de austeridade do Governo

Lamentando o recorde atingido este mês nas taxas de desemprego na Região (7,7%) e no País (10,6%), a líder da bancada parlamentar do Bloco de Esquerda salientou, numa declaração política proferida hoje na Assembleia Legislativa Regional, que são as mulheres as principais prejudicadas pelas medidas de austeridade do Governo da República, com a conivência do Governo Regional.

 

Dos desempregados açorianos, cerca de 60% corresponde a mulheres que, em situações de crise são as primeiras a perder o emprego, que é, na maioria dos casos precário e mal pago. “Na nossa Região, onde a mulher tem menor escolaridade, é vítima de maior discriminação, sofre de falta de apoios sociais – como, por exemplo, creches – e é vitima do alheamento dos poderes públicos (que são inoperantes a flagelos, como o da gravidez na adolescência e/ou complacentes, com as exigências do patronato, como no caso da Cofaco), é a estas mulheres que o fardo das medidas anti-crise é imposto com maior violência”, lamenta Zuraida Soares.

 

Acusando o PSD de se ter unido ao Governo do PS numa “campanha de propaganda jamais vista no País”, que pretende fazer crer que os cortes nos apoios sociais, a diminuição do investimento público, e o aumento de impostos é o único caminho para salvar o País, e que tem o objectivo de poupar os ricos e poderosos, a deputada do Bloco de Esquerda aponta outros caminhos para a recuperação económica.

 

O Bloco de Esquerda não compreende por que razão é que a banca, que tem contribuído para o Estado, nos últimos anos, com apenas 13% a 15% dos seus lucros, enquanto qualquer pequena e média empresa é obrigada a pagar 25% daquilo que recebe. Além disso, em vez de aumentar o IRS de quem trabalha – outra solução da aliança entre o PS e o PSD – o Bloco de Esquerda propõe a taxação das transferências de capitais para off-shores a 20%, tal como acontece noutros países da Europa. Isto, porque, só no ano passado, saíram do País mais de 9 mil milhões de euros, sem que o Estado recebesse qualquer tipo de imposto.

 

“Não restam dúvidas de que estas medidas teriam um rendimento muito maior do que as aplicadas pelo actual Governo”, disse Zuraida Soares, lembrando que “o verdadeiro problema é o PS e o PSD defenderem, objectivamente, os interesses do capital e, perante as dificuldades, atacarem os mais fracos, por não quererem atacar os grandes”. 

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