20 anos a salvar cagarros nos Açores

No dia 13 de Outubro de 2011, completam-se vinte anos de envolvimento institucional na defesa dos cagarros no arquipélago dos Açores. Em reunião da Câmara Municipal do Corvo ocorrida a 3 de Outubro de 1991, por sugestão do Doutor Luís Rocha Monteiro, investigador do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, tinha sido decidido que a partir de dia 13 e a até meados do mês seguinte as luzes de iluminação pública seriam apagadas na Vila por forma a que as jovens aves não ficassem encandeadas durante a sua primeira saída dos ninhos. Este acto, com o passar do tempo transformou-se na mais emblemática actividade ambiental dos Açores e uma das mais participadas acções cívicas voluntárias do arquipélago.  A partir do momento que os cagarros começam a partir, mais de um milhar de pessoas, em todas as ilhas, integram as chamadas Brigadas Nocturnas de Salvamento da operação “SOS Cagarro”. Estas Brigadas patrulham as vias que se situam mais perto dos locais de nidificação, recolhem os jovens cagarros desorientados e colocam-nos em zonas abrigadas perto do mar. Evita-se desta forma que sejam predadas ou atropeladas. Assim, são salvas entre 3 a 6 mil aves todos os anos.  Algumas centenas destas aves salvas são anilhadas e, entre estas, algumas já voltaram aos Açores para nidificar. O Doutor Joel Bried, investigador do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, afirmou recentemente que, “sem a Campanha “SOS Cagarro” os céus nocturnos do arquipélago poderiam perder o exótico grasnar destas aves em poucos anos”.

Desde 1991 que a Ilha do Corvo, nos Açores, com pouco mais de quatrocentos habitantes, aufere alguns dos dividendos da salvaguarda das aves. Hoje, para além de um projecto internacional cofinanciado pela Comissão Europeia para a recuperação de habitats propícios para a nidificação, tem um turismo de Inverno com elevada expressão e orientado para a observação de aves. Do Corvo a Santa Maria, de 1 de Outubro a 15 de Novembro, todos os anos há uma espécie de ave marinha que aufere da atenção especial dos açorianos. Graças a este empenho, os cagarros continuarão a acompanhar-nos, a ajudar os pescadores a localizar os cardumes de atum e a inspirar quem ouvir as noites de final de Inverno até ao final do Verão.

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