Foi uma triste noite aquela em que a Fonte do Bastardo se despediu da Europa. Não se pode falar de falta de sorte, nem tão pouco da arbitragem (que nem se deu por ela), mas sim da falta de argumentos para superar um adversário mais consistente em todos os capítulos.
A Fonte do Bastardo revelou sérias dificuldades para fazer frente ao potente serviço dos polacos e, falhando esse ponto, dificilmente o distribuidor, por muito bom que seja (e Fabiano é sem sombra de dúvidas um excelente executante), consegue lançar bolas para as linhas de fogo. De facto, os anfitriões só muito tardiamente (no último parcial) encontraram antídoto para os portentosos serviços do oponente, mas aí já era tarde e, perante um adversário motivado, a Fonte do Bastardo apenas conseguiu retardar a festa polaca.
Para além da potência dos serviços, os visitantes revelaram uma impressionante envergadura física, com exímios atletas como os atacantes Pryegel ou Yudin que têm lugar garantido a titular em qualquer equipa de elite do voleibol luso e não só….
Yudin ataca com uma eficácia letal, seja na zona 2 ou 4, defende com grande precisão e tem um serviço que impõe respeito a qualquer retaguarda. Mas, dizíamos nós, este Jastrzebski Wegiel tem jogadores bastante altos… e nada toscos!
Houve mais mérito dos polacos do que demérito dos locais, pois para um jogador como Danilo Santos (que esteve muito longe do que já nos habituou) ou José Fontes é extremamente complicado superar um bloco que salta a mais de 3.60 cm de altura. Enquanto os atacantes bastardos preparavam o salto para poder rematar, do outro lado da rede, o adversário já tinha dois ou três gigantes, cuja experiência e classe raramente falhavam um bloco.
A Fonte do Bastardo tudo fez para mudar o rumo dos acontecimentos, mas a frieza e maior experiência do adversário falaram mais alto. Os açorianos conseguiram equilibrar o jogo no último set, mas o maior traquejo dos visitantes foi decisivo.
SEM SOLUÇÕES…
Luís Resende tirou o apagado Danilo e meteu Antonniazi, mas de pouco ou nada lhe valeu essa alteração, atendendo a que não é fácil ludibriar um bloco tão compacto como aquele.
Manuel Silva foi dos últimos a atirar a toalha ao chão, mostrou a garra que o caracteriza, e não estaremos a exagerar se dissermos que foi o melhor jogador dos locais em campo. Ao seu lado, João Coelho também esteve em bom plano, e Fabiano apareceu sobretudo quando a equipa conseguiu responder melhor aos serviços, ou seja, no último parcial. José Fontes raramente conseguiu perfurar a cerrada muralha de braços à sua frente, Rui Santos não conseguiu repetir o bom jogo que fez a semana passada na Polónia e Guilherme Souza esteve melhor no remate do que no bloco.
Com as zonas de tiro tapadas, e com uma ténue oposição aos contundentes serviços, os açorianos viram o seu estatuto europeu ser chumbado pela turma polaca que, ou muito nos enganamos, vai ser uma das finalistas desta prova. A ver vamos…
O imenso público que mais uma vez ocorreu à Vitorino Nemésio despediu-se com palmas dos seus atletas, pois não foi por falta de empenho que a Fonte não chegou aos oitavos-de-final.
Depois do bom resultado obtido em casa do adversário (2-3), à primeira vista a missão da Fonte do Bastardo parecia mais fácil, mas desde cedo deu para perceber que só praticamente um milagre afastaria este poderoso adversário da ronda seguinte.
Não é qualquer equipa que se dá ao luxo de ter o francês Samica (que foi titular indiscutível da selecção gaulesa durante anos seguidos) no banco de suplentes. E, já agora, não é qualquer equipa que tem capacidade financeira para albergar um internacional gaulês nas suas fileiras… O francês na passada quarta-feira jogou a titular, pois Rafael Lins, o habitual titular da zona 4 do J. Wegiel S.A., encontra-se lesionado e nem viajou para a Terceira.
Hélio Ormonde veio de S. Miguel para substituir um dos árbitros que estava designado para este jogo, visto que o mesmo teve entraves de última hora que impossibilitaram a sua vinda aos Açores, mas, como referimos, a arbitragem esteve em plano positivo.
No final do jogo era bem visível o semblante carregado de atletas e técnicos açorianos, mas melhores dias virão, e um desses dias pode ser já amanhã à tarde, quando a Fonte do Bastardo receber o vizinho Clube K, às 15:00, no pavilhão da Vitorino Nemésio.
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