O Vice-Presidente do CDS-PP Açores, Félix Rodrigues, desmontou, esta segunda-feira, os preços das passagens aéreas nos e para os Açores, depois de a SATA ter reagido a uma conferência de imprensa dos populares açorianos em que estes afirmavam que as tarifas aéreas praticadas para os açorianos “eram as mais caras do mundo”.
Em causa, para os centristas, está o facto de os Governos Regional e da República praticarem “políticas proteccionistas” para com as empresas públicas que asseguram estes serviços – TAP e SATA. “Os Governos protegem a TAP e a SATA e a TAP e a SATA protegem-se uma à outra porque fizeram uma acordo de code-share (partilha de voos) que inviabiliza a concorrência e faz prevalecer o monopólio. Saem prejudicados apenas e só os passageiros dos Açores”.
“Concorda-se com a transportadora aérea SATA, quando esta afirma que as comparações que efectuei sobre as tarifas aéreas na Região e para a Região ‘podem ser falaciosas se não tivermos em conta todos os factores’ ”, disse Félix Rodrigues ao acrescentar que “o preço das passagens aéreas é em função de múltiplas variáveis, entre as quais, o preço dos combustíveis, a distância percorrida, o aeroporto de partida e de chegada, a oferta e a procura, a data dos voos, a segurança, o peso da aeronave, as quotas de carbono, etc…”.
Assim sendo, reagiu, “qualquer comparação poderá ser falaciosa, pois não entra nunca em conta com todos os factores responsáveis pelo preço, mas também não existe uma expressão matemática que nos permita calcular com objectividade o preço de uma dada tarifa aérea”.
Na comparação que fizeram os democratas-cristãos açorianos asseguram ter comparado “preços, enunciando também a distância percorrida”. No entanto, prosseguiu, “não faz sentido comparar preços de tarifas aéreas entre capitais europeias, sem sabermos as distâncias entre elas”.
Há, por isso, salientou o dirigente popular, “que congelar variáveis para que a comparação fique clara”. Por vezes as distâncias não são exactamente coincidentes, nem os preços dos aeroportos (partida e chegada são os mesmos), “o que fará com que aparentemente, e apenas do ponto de vista teórico, as comparações possam ser falaciosas”, como por exemplo, “dizer-se que se faz tarifas a 390 dólares americanos desde a América do Norte e não se dizer que é uma passagem one way, ou seja, só ida”.
Em conferência de imprensa onde foi acompanhado pelo Líder Regional do CDS-PP, Artur Lima, o vice-presidente centrista apontou outros exemplos de preços para concluir o mesmo: o preço das viagens é demasiado alto para os Açores.
“No site voos.idealo.pt, a SATA Internacional, neste mês de Agosto, faz preços para as viagens ida e volta Bóston-Ponta Delgada que variam entre 907,92 euros e 983,71 euros ou seja, entre 1290 dólares americanos e 1397 dólares americanos, bem mais caras do que as 1250 dólares canadianos que referi (na semana passada), e como se sabe, a moeda canadiana é mais fraca que a moeda americana”, disse.
Para melhor se entender a comparação de preços, Félix Rodrigues diz ter “congelado algumas varáveis”. Assim, frisou, “o mesmo período de voo para todas as companhias (consideraremos o período actual Agosto-Outubro), uma distância idêntica à de Lisboa-Ponta Delgada, que é neste caso Lisboa-Paris, o mesmo aeroporto de partida (Lisboa), o mesmo gasto de combustível, as mesmas emissões de CO2, a mesma segurança (as companhias aéreas de baixo custo obedecem exactamente às mesmas regras de segurança das companhias tradicionais) e a frequência de um voo diário resultante da combinação de todas as companhias)” e os preços em vigor são: “Na Aigle Azur, entre 74€ e 91€ (média 81€); na Air France, entre 89€ e 125€ (média 106€); na EasyJet, entre 28€ e 107€ (média 52€); na Ibéria, entre 77€ e 89€ (media 82€); na Lufthansa, entre 113€ e 138€ (media 121€); na Swiss airlines, um único voo a 103€ e na TAP Air Portugal, entre 48€ e 84€ (média 63€)”.
Conclusão da história, atira o dirigente centrista, “não temos nos Açores nenhum voo diário a estes preços”.
Ora, continuou Félix Rodrigues, “na SATA, a viagem Lisboa-Ponta Delgada varia entre 205€ e 273,5€ (média 253€), com tarifas promocionais para residentes, proposta do CDS-PP a 145€, e mais 85€ de indemnização do Governo, o que faz com que cada passagem custe, efectivamente, em média 338€”.
A diferença entre os valores da SATA e das outras companhias, quando se mantêm constantes as variáveis anteriormente apontadas, poderá ser explicada, segundo os populares, “teoricamente, pelo preço do aeroporto de Ponta Delgada. Será que o Aeroporto João Paulo II é muito mais caro do que o aeroporto Charles de Gaule em Paris? Ou então, pela não procura do destino Açores. Será que não temos procura para um voo diário para os Açores? Como se explica que o volume de tráfego tenha subido, desde 2002, 22 por cento em passageiros e 50 por cento em carga na ilha do Pico, por exemplo, com pouquíssima população quando comparado com São Miguel ou Terceira? Não há procura?”, questionou.
Os democratas-cristãos, por outro lado, destacaram o facto de “a partir de Outubro os preços descerem” nos Açores, mas “o mesmo se passa com praticamente todas as companhias”. “Também nos apraz verificar que o Governo Regional e a SATA tenham aceite a proposta do CDS-PP Açores de introdução de tarifas promocionais no serviço público”.
Por fim, a constatação: “Apraz-nos verificar que a SATA parece estar ciente de que muito há a fazer para que haja transportes de qualidade e a preços justos no Arquipélago dos Açores, sem discriminação de açorianos que por adversidade, nasceram em ilhas mais pequenas e mais afastadas do grande centro económico do arquipélago, não gozando de promoções da SATA Internacional Ponta Delgada-Lisboa a 190,50€, pois ainda terão que pagar no mínimo 124 € para irem da sua ilha até Ponta Delgada, ficando essa passagem promocional, no valor mínimo em 315€, mesmo sem compensação do Governo”.