O Bloco de Esquerda quer impedir a construção da central de incineração prevista para São Miguel e vai levar a proposta ao parlamento dos Açores, defendendo que ” a instalação de uma incineradora com uma capacidade de processamento de resíduos absolutamente sobredimensionada é um enorme erro ambiental e económico”, disse o deputado António Lima na apresentação da iniciativa.
O atual Plano Estratégico de Prevenção e Gestão de Resíduos (PEPGRA), que previa a construção duas centrais de incineração – uma na Terceira e uma em São Miguel – termina a sua vigência em 2020. O que o Bloco de Esquerda agora propõe é que, no âmbito da elaboração do próximo PEPGRA, deixe de constar a incineradora de São Miguel, que ainda não foi construída.
“A revisão do PEPGRA é o momento ideal para se definir uma nova política de gestão de resíduos nos Açores. A mudança que falta fazer passa inevitavelmente por tirar do caminho a incineradora de São Miguel”, explica o deputado do BE.
Note-se que, recentemente, o Parlamento Europeu aprovou o novo regulamento sobre o financiamento de projetos, que deixa de contemplar o financiamento a unidades de incineração de resíduos, “o que é um sinal claro da mudança que se está a operar ao nível europeu no que respeita às políticas de gestão de resíduos”, salienta António Lima.
A construção da central de incineração em São Miguel vai impedir o cumprimento das metas de reciclagem a que a Região está obrigada. A meta de reciclar 50% dos resíduos até 2020 já não será cumprida porque todos os investimentos na área dos resíduos em São Miguel foram concentrados na construção da incineradora. Até 2035 a meta é atingir os 65%. “Com o atual projeto de incineração de resíduos para São Miguel, isso será impossível”, aponta o líder do BE.
António Lima salienta os bons resultados dos centros de processamento de resíduos em várias ilhas do arquipélago para demonstrar que é possível atingir taxas de reciclagem de 80%: “Se isto é possível em 7 das 9 ilhas, tem de ser possível também em São Miguel e na ilha Terceira”.
“Não reconhecer que o projeto da incineradora é um erro, por uma absurda e estranha teimosia, é uma enorme irresponsabilidade que no futuro pagaremos todos muito caro”, alerta o deputado do BE.