A Comissão da Agricultura do Parlamento Europeu enviou hoje um sinal muito importante à Comissão Europeia ao votar desfavoravelmente o acordo da UE com Marrocos no que se refere a uma mútua liberalização no âmbito dos produtos do sector primário.“Com efeito, há uma clara tendência do Parlamento Europeu para, em nome de equilíbrios políticos frequentemente associados, aceitar acordos comerciais com fortes impactos negativos no sector primário europeu. É rara a coragem para dizer ‘não’ como hoje aconteceu” – afirmou a eurodeputada Patrão Neves que rejeitou também este acordo que “oferece mais vantagens a Marrocos do que à União Europeia.”
Com um papel cada vez mais activo também ao nível da apreciação de acordos bilaterais, o Parlamento deixou hoje claro que exige ser ouvido neste processo, sob o risco de rejeitar a proposta final que a Comissão Europeia lhe apresenta e que não raramente sacrifica o sector primário em outros interesses que privilegia . O chumbo de hoje não só protege os sectores hortícolas e frutícolas, já tão sacrificado pelo recente surto infeccioso de e.colli, mas representa também um muito sério e duro aviso para o futuro acordo que a Comissão está a negociar com a UE com o Mercosul, com forte impacto negativo principalmente nos nossos sectores da carne, hortícolas e frutícolas.
“É preciso que a Comissão Europeia entenda que não pode negociar acordos que, mesmo quando globalmente vantajosos para a Europa, sacrificam o sector primário.”Patrão Neves lamentou ainda que “o grupo socialista, inclusivamente os seus deputados portugueses, tenham votado favoravelmente este acordo, acompanhando o grupo dos liberais e com estes ficando quase isolados nesta sua orientação de voto.”