Está aberta a “consulta estratégica a organizações públicas e privadas de todo o mundo”, tendo em vista “estabelecer eventuais parcerias tecnológicas e empresariais” que permitam criar nos Açores “uma infraestrutura para o lançamento de microssatélites”, anunciou hoje em Ponta Delgada, o Secretário Regional do Mar, Ciência e Tecnologia, na sessão de abertura do simpósio internacional ‘Os 25 anos de progresso na Altimetria de Radar’, organizado pela Agência Espacial Europeia e pela Agência Espacial Francesa, envolvendo mais de quatro centenas de participantes de mais de 30 países.
Esta consulta internacional, que decorre até 31 de outubro, pretende “analisar o interesse deste projeto junto de parceiros internacionais, no sentido de ser instalado na ilha de Santa Maria um porto espacial atlântico”, adiantou Gui Menezes, explicando que ” estamos a falar de um passo estratégico e formal de concretização deste projeto que vai permitir à Região munir-se dos elementos necessários para uma decisão fundamentada, que tenha em conta a salvaguarda dos interesses dos Açores e dos Açorianos”.
Em declarações aos jornalistas, Gui Menezes referiu que, na sequência dos estudos encomendados pela ESA para a escolha de locais de acesso ao Espaço a partir da Europa, “três das cinco empresas concorrentes indicaram os Açores como um sítio com grande potencial para a instalação de um porto espacial de microssatélites”, salientando, no entanto, que “ainda não há nenhum projeto concreto”, mas assumindo que “com esta iniciativa, Portugal posiciona-se para acolher um projeto deste tipo se, do ponto de vista ambiental, social e económico, for vantajoso para os Açores e para os Açorianos”, frisou o Secretário Regional.
O titular das pastas da Ciência e Tecnologia referiu que há outros países europeus “interessados nesta corrida” ao ‘novo Espaço’, acrescentando, por isso, que “fazia todo o sentido Portugal lançar-se também porque os Açores têm, de facto, uma posição geoestratégica muito interessante para esta área, que não é replicável noutros sítios da Europa”.
“Temos aqui alguma vantagem competitiva”, defendeu, acrescentando que “as questões de localização geoestratégica são muito importantes”, nomeadamente o estar “mais a sul, no meio do Atlântico, temos a possibilidade de a direção dos lançamentos serem muito mais abertas, sem obstáculos, e isso não é replicável em outros sítios da Europa”, frisou.
Gui Menezes referiu ainda que as empresas interessadas podem também, eventualmente, equacionar um projeto que envolva “a criação de vários portos espaciais na Europa que se complementem entre si”.
O Secretário Regional, questionado pelos jornalistas, afirmou que, “para já, é prematuro falar em investimentos”.
“Vamos esperar que as empresas mostrem os seus projetos e nos indiquem qual a proposta de modelo de negócio”, afirmou, acrescentando que deverá ser um investimento público-privado.
Relativamente à escolha dos Açores para a realização deste simpósio internacional, Gui Menezes considerou que significa o reconhecimento de que “somos capazes de realizar eventos científicos de grande dimensão”.
Os Açores, acrescentou, são “uma região singular para os estudos mais ligados aos oceanos, no seu posicionamento para questões mais ligadas ao Espaço e para os estudos do clima e da atmosfera”.
“Temos de valorizar o nosso potencial para nos projetamos, cada vez mais, na ciência, a bem dos Açores, mas também para darmos o nosso contributo para o mundo, porque é a partir da ciência que surgem muitas das soluções para os desafios que enfrentamos hoje em dia”, disse o Secretário Regional.
O simpósio internacional, que decorre até 29 de setembro, conta com cerca de duas centenas de apresentações, em quatro sessões paralelas e com 340 posters científicos.
O concurso apresentado hoje é uma iniciativa do Governo dos Açores em parceria com o Governo da República, através do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, e com o apoio técnico da Agência Espacial Europeia (ESA).