Os Açores aumentaram a taxa de preparação de resíduos para reutilização e reciclagem para 36,4%, em 2023, com o secretário regional do Ambiente a admitir que a região conseguirá atingir a meta de 55% em 2025.
“Nós acreditamos que é possível atingir esta meta em 2025. Será, sobretudo, mais fácil, na nossa opinião, atingir as metas de 2030 e de 2035, mas mesmo esta meta definida para 2025 nós acreditamos que temos condições de a atingir, sendo certo que temos de continuar a contar com a colaboração de todas as entidades que têm competência nesta matéria e com uma atitude responsável por parte dos cidadãos”, afirmou Alonso Miguel.
O governante falava em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, à margem da apresentação do relatório sobre resíduos urbanos, relativo a 2023.
Os números indicam um aumento de 9%, entre 2022 e 2023, na taxa de preparação para reutilização e reciclagem, que tem vindo a aumentar, mantendo-se ainda assim longe das metas europeias, de 55% em 2025, 60% em 2030 e 65% em 2035.
“Nos últimos três anos, a reciclagem aumentou de uma forma muito significativa, 17%, fixando-se a taxa de preparação para reutilização e reciclagem em 36,4%”, vincou Alonso Miguel.
Sete das nove ilhas dos Açores apresentam uma taxa de reciclagem acima dos 60%, com a Graciosa a atingir o valor mais elevado (79,3%).
No entanto, as duas ilhas mais populosas, São Miguel e Terceira, ainda estão muito abaixo da meta para 2025.
Enquanto São Miguel registou um aumento de 28,5 para 33,7%, entre 2022 e 2023, a Terceira praticamente estagnou, passando de 19,5 para 19,7%.
O secretário regional do Ambiente e Ação Climática considera, no entanto, que a entrada em funcionamento dos centros de tratamento mecânico e biológico na ilha de São Miguel, que produz mais de metade dos resíduos urbanos da região, terá impacto na taxa de reciclagem regional.
“O peso relativo da ilha de São Miguel é substancial e o facto de termos estas duas unidades construídas em São Miguel, que já estão a ser afinadas, implica que possamos fazer uma triagem muito maior de materiais recicláveis”, explicou.
Quanto à ilha Terceira, a única do arquipélago com uma central de valorização energética em funcionamento, Alonso Miguel admitiu que é necessário encontrar “outro tipo de solução e equipamento que permita fazer uma pré-triagem dos materiais e aumentar a recolha”.
“Temos estado em conversação com as câmaras municipais e com a Teramb [empresa intermunicipal], no sentido de poder encontrar novas soluções, com recurso a fundos comunitários, para as quais o Governo Regional está disponível para contribuir na vertente não cofinanciada”, adiantou.
O relatório de 2023 indica ainda uma quebra, pelo segundo ano consecutivo, na produção de resíduos nos Açores, que atingiu um valor total de 149.427 toneladas, menos 314 (0,2%) do que em 2022.
“É uma quebra ligeira de 0,2%, mas é simbólica, porque marca uma inversão na tendência de crescimento que se vinha verificando”, salientou o titular da pasta do Ambiente.
A produção de resíduos urbanos per capita baixou para 1,71 quilogramas por dia, ainda assim, acima da verificada a nível nacional (1,4 quilogramas).
Em 2023, a região valorizou mais de metade dos resíduos urbanos produzidos (61%), com 28% a serem encaminhados para valorização material (reciclagem), 17% para valorização orgânica (compostagem) e 16% para valorização energética (incineração).
“Houve uma redução muito significativa na taxa de deposição de resíduos em aterro de cerca de 8%, que se fixa agora em 38,9%”, destacou Alonso Miguel.
Também a retoma de embalagens registou um aumento de 4,8%, totalizando 18.837 toneladas (78,5 quilos por habitante), “fruto do sistema de depósito de embalagens não reutilizáveis de bebidas” existente na região.
Lusa