Os Açores e o Centro são as regiões que mais candidatos têm na lista final, com cinco locais, mas apenas poderão arrecadar dois títulos, já que as regras impedem a eleição de mais de duas maravilhas por região.
“É um projeto à escala global e uma das características do regulamento é evitar o voto condicionado, no sentido de determinadas regiões se empenharem mais do que outras. É uma forma de garantir maior representatividade, porque estamos a falar do país todo”, disse à Lusa o presidente da New 7 Wonders Portugal, Luís Segadães.
Com o mesmo objetivo foi definida outra regra que exige a inclusão de pelo menos um local de cada região (Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Algarve, Madeira e Açores) no grupo de finalistas.
Os 21 concorrentes foram escolhidos por 21 profissionais de várias áreas, como o jornalismo, o ambiente e a arte, depois de a organização ter selecionado mais de 800 lugares e de ter reduzido o grupo para poucas centenas e, mais recentemente, através de outro painel, para 77 candidatos.
“Sabíamos que o país era magnífico, mas com aquela lista de 77 ficámos convencidos de que estávamos a fazer o projeto certo no sítio certo. A de 21 tem uma qualidade extraordinária, as pessoas às vezes não têm noção de que todo aquele património existe num país pequeno”, referiu Luís Segadães, lembrando que o objetivo da iniciativa é alertar a opinião pública para a necessidade de preservar as belezas naturais.
Segundo o representante, todo o projeto, dos direitos da patente à cerimónia final, têm um orçamento de seis milhões de euros e está a ser financiado por entidades públicas e privadas.
Em fase final estão as negociações com o Turismo de Portugal.
A votação decorre até ao dia 07 de setembro, estando o evento da declaração oficial agendado para o dia 11, nas Sete Cidades, nos Açores.
O público poderá escolher o seu preferido de entre três nomeados em sete diferentes categorias.
Breve descrição dos 21 locais candidatos a Maravilhas Naturais de Portugal, que serão declaradas a 11 de setembro de 2010:
– Florestas e Matas
Floresta Laurissilva (Madeira) – Floresta com características subtropicais e 15 000 hectares, remanescente de um coberto florestal primitivo que resistiu a cinco séculos de humanização. É património mundial natural da UNESCO e pertence à rede europeia de reservas biogenéticas.
Mata Nacional do Buçaco (Centro) – Monumento nacional, onde os carmelitas descalços construíram um convento no século XVII. Tem atualmente 105 hectares, cerca de 750 espécies de árvores de todo o mundo e oito ermidas.
Paisagem Cultural de Sintra – Património da Humanidade (Lisboa e Vale do Tejo) – Descrita pela UNESCO como o primeiro centro da arquitetura romântica europeia, Sintra reúne palácios, chalets, muralhas, conventos e igrejas com elementos de diferentes correntes arquitetónicas, rodeados de extensos bosques e parques.
– Grandes Relevos
Paisagem Vulcânica da Ilha do Pico (Açores) – A natureza exclusivamente basáltica das lavas do Pico originou um conjunto de formas e estruturas vulcânicas que inclui desde a montanha de 2351 metros (o terceiro maior vulcão do Atlântico) e cerca de 350 cones de escórias basálticas.
Parque Natural da Arrábida (Lisboa e Vale do Tejo) – Serras, matas, um convento e uma grande diversidade de fauna destacam-se nos 10 800 hectares do parque, classificado como sítio de especial interesse para a conservação da natureza e reserva biogenética.
Vale Glaciar do Zêzere (Centro) – Em forma de U e 13 quilómetros de extensão, o maior vale glaciar da Europa possui rochas graníticas dos cântaros Magro, Gordo e Raso (1 928 metros de altitude) e reservas biogenéticas.
– Grutas e Cavernas
Algar do Carvão (Açores) – Localizado na Caldeira Guilherme Moniz, este monumento natural regional integra um vulcão adormecido. Desenvolve-se sob a forma de um cone com cerca de 100 metros de profundidade, ao longo dos quais se destacam as suas estalactites e estalagmites e uma lagoa subterrânea.
Furnas do Enxofre (Açores) – Neste monumento natural regional com um microclima próprio pode observar-se fumarolas, vestígios da última erupção no local, no século XVIII. As espécies vegetais naturais são outro dos motivos para constarem da Rede Natura 2000.
Grutas de Mira de Aire (Centro) – A importância das águas subterrâneas associadas a um polje (depressão geológica) com inundações periódicas motivaram a sua classificação como imóvel de interesse público. Com 11 quilómetros, metade dos quais visitáveis, são as maiores grutas turísticas do país.
– Praias e Falésias
Pontal da Carrapateira (Algarve) – Pequena península com 25 metros acima do nível do mar que abrange a faixa costeira entre as praias da Bordeira e do Amado. Local de passagem de aves planadoras nas suas migrações, releva-se de uma área de xistos pela sua mancha de calcário das arribas.
Portinho da Arrábida (Lisboa e Vale do Tejo) – Inserido na paisagem protegida da Serra da Arrábida, o Portinho é uma pequena aldeia conhecida sobretudo pela praia em forma de concha e de areal vasto. Nas suas águas está a Pedra de Anixa, pequena ilha rochosa muito procurada pelos mergulhadores.
Praia do Porto Santo (Madeira) – O seu areal fino de propriedades terapêuticas é constituído por restos de seres vivos marinhos (corais, conchas e ouriços) e tem uma composição química é essencialmente carbonatada. Divide-se em várias áreas ao longo de nove quilómetros.
– Zonas Marinhas
Arquipélago das Berlengas (Centro) – Pequenas praias e grutas de granito integram esta reserva natural e biogenética, composta por uma ilha cuja ocupação remonta à Antiguidade e vários ilhéus. A ilha foi visitada por romanos, vikings, mouros e corsários franceses e ingleses.
Ponta de Sagres (Algarve) – Designado por sagrado pelos romanos, este promontório rochoso acolheu uma mesquita árabe e nele terá existido um santuário dedicado a Hércules. Localizada a três quilómetros do extremo sudoeste do continente europeu, possui partes de uma fortaleza.
Ria Formosa (Algarve) – Com uma área de 18 400 hectares, é uma formação aluvionar periodicamente alagada por águas salgadas e ocupada por vegetação. É uma área protegida com importância internacional como habitat de aves aquáticas.
– Zonas Aquáticas Não Marinhas
Lagoa das Sete Cidades (Açores) – Paisagem protegida, ocupa mais de quatro quilómetros quadrados e tem 33 metros de profundidade. É dividida por um canal pouco profundo que separa águas de tom verde das de tom azul e recebe aves migratórias, muitas das quais em perigo.
Portas de Ródão (Centro) – Formação geológica na qual um vale corre entre duas paredes escarpadas com cerca de 170 metros de altura. O lago e as grandes profundidades deste ponto de observação da avifauna testemunham a imponência da queda de água anteriormente existente.
Vale do Douro (Norte) – Foi a primeira região demarcada de vinhos do mundo e é património da humanidade. O rio determina a variedade da sua paisagem, fortemente marcada por vinhas em socalcos. Está identificado como um dos melhores destinos europeus para turismo sustentável.
– Zonas Protegidas
Parque Nacional da Peneda-Gerês (Norte) – É a única área protegida nacional com a categoria mais elevada, a de parque nacional. Tem 70 290 hectares, passa por duas serras e tem uma elevada variedade de fauna e flora. Inclui trechos de uma estrada romana e dois centros de peregrinação.
Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (Alentejo) – Arribas escarpadas, ilhéus, praias, sapais, estuários, lagos e riachos ocupam os 74 788 hectares do parque, área protegida onde existem cerca de 750 espécies, mais de 100 das quais são raras ou localizadas. Inclui parte do vale do rio Mira.
Reserva Natural da Lagoa do Fogo (Açores) – Com 1 360 hectares, ocupa a grande caldeira de um vulcão adormecido, que terá sido formada há 15 000 anos. A lagoa encontra-se no cima de uma montanha. Toda a área é rodeada de uma densa vegetação endémica.