Açores não podem ser “parente pobre” na discussão do próximo QCA

A União de Transportes dos Carvalhos (UTC) denunciou hoje o que considera ser um “bloqueio” à entrada de empresas externas no arquipélago dos Açores, criticando uma política de protecionismo que “não leva a lado nenhum”.

“Quem quer investir no arquipélago é rapidamente empurrado para fora do arquipélago”, afirmou António Neto, administrador da UTC, numa conferência de imprensa em Ponta Delgada, convocada na sequência da polémica com o concurso para os miniautocarros de transporte de passageiros nesta cidade.

António Neto frisou “não entender a atual política de protecionismo das empresas da região, que não leva a lado nenhum, apenas gera empresas frágeis e sem capacidade de competir no mercado”.

A UTC, que considera os Açores como “um objetivo estratégico em termos de investimento”, venceu o concurso para o transporte público de passageiros na ilha das Flores, mas não conseguiu o mesmo objetivo em Santa Maria e no concelho de Ponta Delgada, em ambos os casos estando ainda a decorrer ações judiciais.

Relativamente ao concurso para o transporte público de passageiros em Santa Maria, António Neto assegurou que “o assunto não está encerrado”, adiantando que existe uma ação judicial “que pode alterar completamente a situação e até anular o concurso”.

No que se refere aos mini-bus de Ponta Delgada, António Neto anunciou que entra hoje no Tribunal Administrativo Central uma ação judicial que visa a “anulação” das decisões tomadas pela presidente da autarquia.

O administrador da UTC recordou que o Tribunal de Contas deu razão à empresa, pelo que a Câmara de Ponta Delgada lhe deveria ter adjudicado este serviço, mas, em vez disso, a autarquia optou por proceder a um ajuste direto.

“Berta Cabral considera que deve entregar de forma direta todos os serviços a empresas micaelenses, que pode ultrapassar tudo o que é o direito e as leis da concorrência”, frisou.

A UTC não vai concorrer a este ajuste direto porque, segundo António Neto, isso seria “legitimar a posição” assumida por Berta Cabral.

Relativamente a esta situação, a UTC “em devido tempo” pretende também pedir judicialmente uma indemnização pelos prejuízos que sofreu.

António Neto assegurou ainda que, apesar das situações ocorridas em Santa Maria e em Ponta Delgada, a UTC não desiste de investir nos Açores e está disponível para participar no concurso para o transporte de passageiros em Angra do Heroísmo, que deve ser lançado em breve.

A curto prazo vai também colocar em S. Miguel autocarros de turismo, numa iniciativa que António Neto considerou ser “o princípio do fim” do protecionismo às empresas locais.

“Não há nada que nos possa impedir de executar serviços de aluguer em S. Miguel”, afirmou António Neto, garantindo que os preços que a UTC vai praticar serão substancialmente inferiores aos que praticam atualmente as empresas açorianas do setor.

 

Lusa

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