Açores não podem ser “parente pobre” na discussão do próximo Quadro Comunitário de Apoio

O próximo Quadro Comunitário de Apoio (2013-2020) assume uma “importância fundamental” para o futuro dos Açores, mas a região “não pode entrar na discussão como parente pobre”, afirmou Vasco Cordeiro, secretário regional da Economia.
“Os Açores não podem entrar nesta discussão como parente pobre, têm que assumir que existem áreas setoriais da União Europeia nas quais são contribuintes líquidos para o cumprimento dos objetivos definidos”, frisou Vasco Cordeiro, na abertura de um seminário sobre o próximo Quadro Comunitário de Apoio (QCA).
O secretário regional apontou o mar e as energias renováveis como duas áreas em que os Açores “devem reivindicar o estatuto de região europeia de pleno direito, que já cumpre por excesso os objetivos que a União Europeia definiu para si”.
“Se a União Europeia apregoa que as Regiões Ultraperiféricas são um ativo e a sua projeção no espaço atlântico, é preciso que esse discurso tenha expressão prática”, defendeu.
Vasco Cordeiro, que falava na abertura de um seminário sobre o próximo QCA, promovido pela Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada (CCIPD), começou por destacar a importância que o atual quadro de apoio representou para os Açores, nomeadamente ao nível das infraestruturas, como portos, estradas e escolas, mas também em áreas como a requalificação dos recursos humanos.
“Os Açores são apontados como um exemplo na utilização dos fundos comunitários”, frisou, acrescentando que, no espaço de uma década, a região “cresceu 13 por cento em termos de PIB ‘per capita’ relativamente à média europeia”.
Nas negociações para o próximo QCA, Vasco Cordeiro considerou essencial que a região “cerre fileiras” para garantir as verbas adequadas para a política de coesão, mas também destacou a importância de garantir a manutenção de uma verba específica para as Regiões Ultraperiféricas.
“A intervenção ao nível da infraestruturação física está praticamente concluída, agora devemos procurar um novo patamar de apoios”, defendeu, salientando que esses apoios devem ser centrados em áreas como a competitividade das empresas, a empregabilidade dos açorianos e o crescimento económico.
Os problemas que afetam as empresas foram o tema central da intervenção de Mário Fortuna, presidente da CCIPD, que revelou que o Gabinete de Crise criado pela instituição recebeu cerca de 50 casos em menos de meio ano.
A maior parte dos problemas estão relacionados com dívidas de clientes, redução de vendas e dificuldades de acesso ao crédito.
“Está a faltar economia e financiamento para manter o que resta de uma base empresarial já de si frágil e sustentada em pilares precários”, frisou, reafirmando a proposta de criação de um programa de apoio à reestruturação das empresas, nomeadamente através de uma reorientação dos fundos que ainda restam do atual QCA.
Para Mário Fortuna, “em tempos difíceis como aqueles em que vivemos, é preciso reequacionar muitas opções em prol de uma estratégia que só pode ser de sustentabilidade de longo prazo baseada num setor privado competitivo e sustentável”.

 

Lusa

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