“Os dados que vamos acompanhando, por informação da PSP e do Ministério Público, dizem que o número de denúncias nos Açores continua num ritmo elevado, ao contrário do que está a acontecer no continente”, afirmou Natércia Gaspar, em declarações aos jornalistas em Angra do Heroísmo, à margem de um debate sobre violência doméstica nos Açores.
Neste debate, que integra um ciclo organizado pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade dos Açores, foi divulgado um estudo realizado em todas as ilhas do arquipélago sobre a atuação da PSP na área da violência doméstica, em especial da violência conjugal, com vista a melhorar as suas práticas.
Suzana Nunes Caldeira, investigadora da Universidade dos Açores, salientou que “os Açores são a região do país onde há mais casos de denúncia de violência doméstica, o que não significa que haja mais casos de violência doméstica”.
“Pode haver mais condições para as vítimas denunciarem a sua situação de agressão por parte do parceiro”, frisou a investigadora, que é co-autora do estudo, acrescentando que, de acordo com os dados recolhidos, “as polícias já têm uma atitude de não legitimação da violência, embora ainda existam algumas situações de crenças que tendem a evidenciar alguma tolerância social em relação à violência”.
Para Natércia Gaspar, o número de denúncias é justificado pelo trabalho que tem sido desenvolvido desde 2010 ao abrigo do Plano Regional de Prevenção e Combate à Violência Doméstica, considerando que as pessoas estão “menos receosas para a questão da denúncia, porque sabem que há uma rede integrada que lhes proporciona apoio económico, acolhimento em casas de abrigo e a criação de projetos de vida alternativos”.
A diretora regional da Solidariedade e Segurança Social revelou que atualmente existem “mais de 90 instituições em oito ilhas dos Açores” que trabalham com vítimas de violência doméstica, recordando que, desde 2009, tem sido desenvolvido um trabalho com os agressores para prevenir futuras reincidências.
Natércia Gaspar salientou que os resultados têm sido “muito positivos”, assim como a “ficha de avaliação primária em situação de risco”, criada em parceria com a PSP.
Lusa