O Secretário Regional do Mar, Ciência e Tecnologia destacou hoje, em Nova Iorque, “a centralidade geográfica” dos Açores no Atlântico, frisando que se trata de um “importante fator para o estabelecimento de uma parceria transatlântica para o estudo do oceano e do clima”.
Fausto Brito e Abreu apontou três razões pelas quais o arquipélago ocupa “um lugar especial” na agenda sobre investigação do oceano, referindo os ecossistemas marinhos e as condições oceanográficas associadas à Crista Dorsal Média Atlântica, assim como a posição geoestratégica dos Açores em relação aos últimos desenvolvimentos da política económica marítima no Atlântico Sul, “onde Portugal se assume como um dos vértices do triângulo do Atlântico sul”.
O titular da pasta do Mar falava no encontro ‘Atlantic Interactions: knowledge, climate change, space and oceans’, organizado pela Fundação da Ciência e Tecnologia, onde esteve em debate a importância do arquipélago dos Açores como futura base de um centro do estudo a nível internacional sobre o espaço, as alterações climáticas e o oceano.
Na sua intervenção, Brito e Abreu salientou que as ciências do mar produzidas nos Açores têm recebido “reconhecimento internacional ao longo das últimas duas décadas devido aos trabalhos de investigação desenvolvidos pelo Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores e do IMAR”.
Nesse sentido, destacou estudos sobre ecossistemas de mar aberto e de mar profundo, nomeadamente sobre campos hidrotermais, montes submarinos, corais de profundidade, cetáceos e várias espécies piscícolas.
Em relação ao espaço e à observação da Terra, o Secretário Regional recordou que os Açores foram escolhidos para a instalação de duas das quatro estações geodésicas fundamentais que constituem a Rede Atlântica de Estações Geodinâmicas Espaciais (RAEGE), uma já inaugurada em Santa Maria e a outra prevista para a ilha das Flores, acrescentando que “a Estação de Rastreio de Satélites da ESA, que faz parte da ESTRAK, e a Estação Sensor Galileo também estão sediadas na ilha de Santa Maria”.
Relativamente aos estudos sobre clima e alterações climáticas, Brito e Abreu salientou o projeto ARM, na ilha Graciosa, e os investimentos do Governo dos Açores em infraestruturas de investigação e em recursos humanos no que respeita ao estudo das ciências atmosféricas e meteorológicas no Atlântico, lembrando que a primeira infraestrutura portuguesa de previsão meteorológica se localiza nos Açores e está em funcionamento desde 1902.
“O arquipélago dos Açores, devido ao seu isolamento no meio do Atlântico, é, por natureza, o local perfeito para observar e estudar as caraterísticas e os processos oceânicos e atmosféricos, seja ‘in situ’ ou a partir do espaço”, frisou Brito e Abreu, sublinhando que as entidades públicas, privadas, académicas e não-governamentais que compõem o Sistema Científico e Tecnológico dos Açores contribuem para “as vantagens competitivas dos Açores no que respeita à investigação do Atlântico”.
O workshop ‘Atlantic Interactions: knowledge, climate change, space and ocean’ teve como objetivo a criação de uma nova agenda de pesquisa transatlântica orientada para melhorar o conhecimento sobre alterações climáticas, energia e espaço, bem como sobre as interações entre a Terra, a atmosfera e o oceano, tirando partido das condições naturais que os Açores podem oferecer para a realização de estudos nestas áreas.
O evento realizado hoje em Nova Iorque, nos EUA, foi o primeiro de uma série de três, decorrendo o próximo nos Açores, a 27 de junho, e o terceiro, em Bruxelas, no final de setembro.