O Diretor Regional dos Assuntos do Mar afirmou, em São Miguel, que, “pela primeira vez na história da exploração dos oceanos”, estão a ser debatidos “os impactos de uma atividade antes de se realizar”, numa referência à mineração no mar profundo.
Filipe Porteiro frisou que, “neste momento, há uma oportunidade para que, antes de se iniciar uma atividade industrial”, os decisores políticos, os cientistas e a sociedade possam “debater, conhecer e estudar melhor os impactos que são previsíveis para esta atividade e desenhar medidas que podem minimizar esses impactos ambientais”.
O Diretor Regional, que falava no Porto Formoso, num debate sobre ‘Mar e Sustentabilidade’, no âmbito do festival Azores Burning Summer, referiu que, há cerca de uma década, se descobriu que “os mares da Região detinham recursos geológicos ricos em minerais polimetálicos a 1.500 metros de profundidade”.
Filipe Porteiro advertiu, contudo, para o facto de ainda não existir nenhuma exploração industrial de maciços de sulfuretos polimetálicos, acrescentando que ainda “não há desenvolvimento tecnológico bem definido” para que esta atividade possa “ser rentável”.
O Diretor Regional assegurou, no entanto, que “a Região está no bom caminho” no que respeita à investigação sobre os impactos ambientais da extração de recursos minerais em águas profundas, destacando o envolvimento de várias equipas científicas regionais em projetos internacionais como o ATLAS e o MIDAS (Managing Impacts of Deep-Sea reSource exploitation).
“Existem vários projetos de recuperação do ambiente profundo a decorrer”, acrescentou, frisando que “os Açores têm uma equipa científica especializada nesta área que dá pareceres técnicos e científicos para a International Seabed Authority”.
No âmbito das políticas ambientais relativas ao mar, Filipe Porteiro salientou o trabalho do Governo dos Açores na designação de áreas protegidas no quadro do Parque Marinho dos Açores com o objetivo de preservar ecossistemas frágeis e únicos, como os campos hidrotermais, nomeadamente o Menez Gwen, o Lucky Strike e o Rainbow, frisando a importância da “gestão adaptativa”.
O Diretor Regional afirmou ainda que nem só os impactos ambientais devem ser avaliados, mas também os impactos sociais e económicos que esta atividade poderá vir a ter na Região.
Açores24Horas / Gacs