O ‘call center” da saúde nos Açores arrancará no segundo semestre de 2013, prevê o Governo açoriano na proposta de reestruturação do Serviço Regional de Saúde, que não pretende “refundar, mas sim reformar” para que “continue a ser bom”.
“Este não é um documento em que se procure ou em que se proponha a refundação do Serviço Regional de Saúde. Invoque-se, a este propósito, a afirmação já repetida várias vezes e que corresponde a uma profunda convicção do Governo dos Açores: nós queremos reformar o Serviço Regional de Saúde, não porque ele seja mau, mas para que ele continue a ser bom”, refere o documento, a que a agência Lusa teve hoje acesso.
O secretário regional da Saúde, Luís Cabral, anunciou na sexta-feira alguns dos pontos da proposta de reestruturação do Serviço Regional de Saúde (SRS), elaborada após a audição dos parceiros sociais e partidos políticos e que ficará brevemente disponível no portal do Governo açoriano.
Entre as várias medidas propostas no documento, com mais de 60 páginas, está a criação de um Centro Hospitalar dos Açores, para que os três hospitais da região sejam geridos apenas por um Conselho de Administração e o acesso de médicos de família a todos os açorianos até ao final de 2016, quando termina a atual legislatura.
O documento, com medidas calendarizadas, está dividido em dois grandes capítulos, onde são descritas medidas de organização e gestão do SRS, bem como da prestação dos cuidados, num arquipélago com 250 mil habitantes dispersos por nove ilhas.
“O Serviço Regional de Saúde assenta numa estrutura desenhada há cerca de 30 anos, tendo sofrido poucas modificações ao longo dos últimos anos. Face a um período de grande desenvolvimento nas vias de comunicação, nas tecnologias de informação e na ciência médica, a incorporação dessas melhorias na atividade diária das unidades de saúde, considera-se que as mesmas podem ser mais potenciadas em benefício das açorianas e dos açorianos”, adianta a proposta, que está agora em fase de discussão pública.
O Executivo Regional socialista assegura que o documento, que contém em anexo as propostas dos partidos e parceiros sociais, pretende ser “o motor de uma discussão alargada a toda a sociedade”, de modo a que a versão final “seja fruto do maior consenso”, mostrando-se aberto a aditamentos às medidas propostas ou aperfeiçoamento das que já constam da proposta.
Durante o segundo semestre de 2013, o Governo dos Açores estima ter em funcionamento o ‘call center’ da saúde, que ficará sediado no edifício do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores, na ilha Terceira, e permitirá “um aconselhamento e triagem das reais necessidades dos utentes”, algo que se afigura como “um passo imprescindível de melhoria da qualidade e da eficácia dos serviços que são prestados aos açorianos”.
“O que se pretende, efetivamente, é assegurar uma resposta rápida e eficaz aos problemas do utente, reduzindo o uso excessivo do serviço de atendimento permanente dos cuidados primários e o reencaminhamento do utente para os cuidados de saúde adequados ao seu problema, quando necessário”, adianta o documento, acrescentando que o serviço será dividido em duas áreas: atendimento de teor clínico e não clínico.
O atendimento será realizado por enfermeiros com formação específica nos protocolos de triagem e aconselhamento, sendo que o serviço funcionará 24 horas, sete dias por semana, através de telefone, correio eletrónico e internet.
No âmbito da reformulação do setor da Saúde, o Governo açoriano considera também “essencial” garantir que todos os processos de aquisição/substituição de equipamentos passem a depender da análise custo/benefício efetuada pela Saudaçor.
Entende ainda o Executivo açoriano que, primeiro, deve ser esgotada toda a capacidade instalada na região antes de adquirir novos equipamentos e quando assim acontecer, deve haver o cuidado de proceder a uma homogenização das marcas dos aparelhos a adquirir.
Lusa