Os aumentos dos preços com a entrada do novo ano, a par dos “cortes nos abonos de familia e o desemprego”, estão a preocupar açorianos, que traçam perspetivas “pouco animadoras” para 2011.
“Isto está cada vez pior e para quem tem filhos ainda mais”, disse à Lusa Manuela, mãe de cinco filhos, à saída de uma superfície comercial da cidade de Ponta Delgada, em S.Miguel.
Além de estar preocupada com “os aumentos na alimentação”, Manuela “está desempregada” e lamenta ainda ter “deixado de receber abono dos filhos”.
“Há dois meses que não recebo abono”, desabafou a mãe de cinco filhos, lamentando que “cortem sempre aos mesmos”.
Idêntica opinião manifestou Luís Costa, reformado, que lamenta “as constantes subidas dos preços, até do pão, o pior aumento que podia ter acontecido”.
“Como aumenta o pão se um pobre não pode comprar um papo-seco? Antigamente o pobre ou um homem de rua podia comprar um papo seco e agora o que vai comer? questionou Luís, para quem “os governantes deviam pôr os olhos nas pessoas pobres”.
Ao lado a esposa está também “preocupada com os medicamentos que estão caros” e com o facto de ter uma filha “licenciada desempregada”, depois de “uma vida a poupar para lhe dar estudos”.
“Poupamos anos e anos o abono da nossa filha para pagar as propinas para ela tirar um curso universitário, mas não consegue arranjar emprego”, contou à Lusa Ana Costa.
“Eles [Governo] não vêm isto e ainda estão a tirar os abonos”, critica o marido de Ana Costa.
À saída de uma grande superfície comercial, em Ponta Delgada, Mário Jorge admitiu também estar “muito preocupado” com “as constantes subidas dos preços”.
“Há uns anos era uma vez por ano. Agora é duas e três vezes. Isto é que me preocupa. As perspetivas são pouco animadoras”, referiu à Lusa.
A partir de 1 janeiro as famílias portuguesas começam a sentir os custos da entrada no novo ano, marcado por cortes salariais, redução de benefícios fiscais e aumento dos preços, impulsionado pela subida do IVA.
A nova taxa do IVA aumentou para 23 por cento, influenciando assim o preço dos transportes, da energia, da alimentação, entre outros.
Os utilizadores dos transportes públicos vão pagar mais 3,5 por cento nos passes e 4,5 por cento no global das tarifas. A Brisa, gestora de várias autoestradas, vai aumentar os preços, em média, em 0,6 por cento.
O preço do gasóleo aumentará 4 cêntimos por litro já em janeiro.
Também o preço da eletricidade terá aumentos de 3,8 por cento nas tarifas dos consumidores domésticos, correspondentes a um aumento anual de 18 euros.