Adopção de taxa de juro fixa divide

O Banco Central Europeu (BCE) desceu esta semana a taxa de juro de referência da Zona Euro para 2 por cento, seguindo o que já era  aguardado pela generalidade dos analistas.
Esta é a quarta descida em quatro meses e poderá aliviar um pouco mais as famílias que contraíram empréstimos bancários para compra de habitação.

 

Entretanto, os clientes da banca vão procurando outras opções  face à nova realidade do mercado para cumprirem as suas obrigações.É o caso, por exemplo, do recurso às taxas de juro fixas.
Gustavo Frazão, director do BES dos Açores, considera que  a opção por taxas de juros fixas “não é muito taxativa”, uma vez que “estamos num cenário de descida do indexante e de manutenção do crescimento do spread”.
O economista lembra que nesta perspectiva, numa óptica de descida de taxas de juro há quem defenda  que não se deverá fixar a taxa, uma vez que a sua tendência é de vir a descer ainda mais.
Mas considerando que a taxa de juro fixa é baseada num indexante e no spread de referência do momento, está-se perante valores não muito elevados que ao serem fixados “dão alguma segurança em relação aos próximos anos, se eventualmente houver outra vez uma tendência de subida das taxas de juro.”
Gustavo Frazão conclui que “a solução depende de cada cliente e de como ele vê a própria remuneração dos créditos que fez”.
O economista lembra, por outro lado, que ainda existe alguma margem para descer mais as taxas de juro por parte do BCE.
Isto considerando as preocupações que existem a nível da economia internacional, nomeadamente europeia.Lembra que já existem alguns indícios de recessão e que “a grande preocupação é que após esta recessão -ou durante esta recessão que se venha a agravar – não se entre num período de deflação,que “seria dramático e onde toda a lógica de investimento teria uma desvalorização”. É justamente nesta perspectiva que ainda existe uma pequena margem para descer a taxa.Por outro lado, o nível que existe de taxa de referência nunca atingirá os valores dos EUA.Explica que a redução da taxa de juro é para tentar pressionar a taxa de referência no mercado, nomeadamente a Euribor, que vai tentar descer mais.
O que se nota no mercado, face à falta de liquidez ainda existente, é que os chamados spreads  ainda não desceram na mesma proporção das taxas de juro.
“Pelo contrário, estão ainda muitos elevados.Nós sabemos, por exemplo que algumas instituições fecharam agora a emissões feitas com spreads na ordem de 1.71 ou 1.95, ou seja muito próximo dos dois por cento”.
Tal significa que os spreads não vão ter tendência de descida nas próximas semanas.

Euribor  pode chegar aos 1 por cento

As descidas da taxa Euribor  verificadas nos últimos tempos conduziram
alguns analistas a anteciparem novas baixas nos próximos meses da taxa de referência, com a taxa a chegar aos 1,5 ou 1,0 por cento até meados do corrente ano.
A deterioração mais forte do que o esperado da actividade económica no espaço comunitário e a descida da taxa de inflação levaram o BCE a cortar o preço do dinheiro dos países da moeda única.
Se houver um reflexo directo nas taxas Euribor, esta descida poderá significar uma poupança na ordem das dezenas de euros nas prestações mensais da casa.
Milhares de agregados familiares encontram-se em dificuldades devido ao período em alta da taxa Euribor.

 

in AOriental / João Alberto Medeiros

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