O presidente da Associação de Produtores Agrícolas dos Açores – Terra Verde afirmou hoje que existe uma crescente vaga de assaltos a explorações agrícolas da ilha de São Miguel, sobretudo “de bens alimentares que são posteriormente colocados à venda”.
“Nós servimos praticamente quase como armazenistas, ou seja, eles já sabem aquilo que nós temos, sabem onde têm de ir buscar e depois vendem a outros para que o produto seja colocado no mercado. Neste momento onde existe um grande número de roubos é nos bens alimentares e estamos a falar de tudo, batata, tomate, pepino e até melancia”, afirmou Manuel Ledo, após uma reunião com a divisão policial de Ponta Delgada.
Segundo o presidente da Terra Verde, já não se tratam de roubos “para consumo próprio”, mas de “pessoas que atuam em gangues, sendo quase empresas”, referindo-se a larápios que atuam em bando, em que alguns “controlam onde está o agricultor e outros vão roubar as explorações agrícolas”.
Mas para Manuel Ledo, além do problema “de furto e de invasão de propriedade privada”, existe um outro mais grave “de saúde pública”, porque a maioria dos praticantes do roubo não são agricultores e desconhecem técnicas agrícolas.
“Há um problema mais grave para quem adquire esses mesmos produtos porque desconhece se está a consumir produtos que têm os intervalos de segurança efetuados, porque apesar de em 2014 serem retirados um grande número de fitofármacos, os mesmos ainda continuam a existir e têm intervalos de segurança que nós produtores agrícolas respeitamos na íntegra para o bem-estar e saúde alimentar”, alertou o dirigente associativo.
A reunião entre a Terra Verde e a Divisão da PSP de Ponta Delgada surge no seguimento de um pedido daquela Associação de Produtores Agrícolas dos Açores ao Procurador-Geral da Comarca de Ponta Delgada no sentido de alertar para este flagelo, sendo que muitos produtores acabam por não apresentar queixa devido “à morosidade dos processos”.
“Às vezes o produtor participa, faz o trabalho da polícia, descobre e apanha os indivíduos, a polícia intervém e leva um ano e tal sem que a pessoa seja investigada”, reclamou.
Segundo o subcomissário da PSP Nuno Costa, esta crescente vaga de assaltos não está refletida nas últimas estatísticas que dão conta de uma diminuição da criminalidade na ilha de São Miguel.
“Os dados da procuradoria de Ponta Delgada e da ilha de São Miguel em concreto foram favoráveis em relação quer a estes furtos quer à restante criminalidade, mostram que a criminalidade desceu aqui na Divisão de Ponta Delgada, números do primeiro semestre, e que nós temos vindo a fazer o nosso trabalho”, disse.
O subcomissário destacou por isso a importância de “denunciar estes crimes” para que chegue essa informação à PSP, no sentido de direcionar os meios, e comprometeu-se a “tentar arranjar uma forma de policiamento de proximidade nas explorações agrícolas”.
Lusa