Agricultura dos Açores está “em estado de sítio”, declara Graça Silveira

A candidata do CDS-PP Açores às Eleições Legislativas de 27 de Setembro, Graça Silveira, lamentou, este Domingo, que a agricultura dos Açores seja vista pela República como “as ex-colónias, onde se ia buscar matéria-prima barata para transformar na capital do reino”.

 

 

Diversificação agrícola, nomeadamente na fileira do leite, com a transformação da produção em produtos lácteos, assim como uma aposta forte na fileira da carne, são propostas dos populares, apresentadas após uma visita à Feira do Gado de Angra do Heroísmo, pela número três da lista encabeçada por Félix Rodrigues.

 

 

Graça Silveira criticou os responsáveis políticos actuais pela falácia no discurso sobre as quotas leiteiras. Segundo a candidata popular, “é impossível, com o regime de quotas que temos, aumentar a produtividade, ou seja, aumentar o lucro através do aumento da produção”. Por isso, salientou, “os nossos agricultores se querem aumentar os lucros tem que diminuir os custos de produção ou agregarem valor apostando na transformação do leite em produtos lácteos”.

 

 

Isto porque, apontou, “esta discussão de que aumentámos meia quota ou aumentámos quota e meia é absolutamente estéril e não nos leva a lado nenhum”.

 

Assim, prosseguiu, em termos de custos de produção os populares defendem “mais apoio técnico aos produtores”, mas, frisam, “não podemos dar este apoio se os nossos licenciados estão a ser encafuados atrás de secretárias a preencher ofícios e muitos destes ofícios relacionados com subsídios”.

 

 

Graça Silveira exorta que “não podemos continuar a abandonar os nossos agricultores a subsídios à produção” porque assim “eles ficam vulneráveis a lobbies fortíssimos, como os de vendedores de fertilizantes, alfaias agrícolas sub-dimensionadas para as nossas explorações”, entre outros, destacando que “a falta de produtividade das explorações está relacionada com amortizações elevadíssimas”.

 

Já no que se refere à transformação em produtos lácteos, a candidata lamenta que “numa Região leiteira só exista um queijo DOP (Denominação de Origem Protegida), produz-se um único tipo de natas, quando vamos ao supermercado e vemos todo o tipo de natas (magras, gordas, fermentadas, não fermentadas), enquanto a nossa nata resulta apenas de um certo da percentagem de gordura dos nossos leites e os nossos excedentes continuam a ser transformados em leite em pó, exigindo-se consumos energéticos elevados e, numa região húmida, mais dia menos dia, está transformado num bloco o que constitui uma carga poluente enorme”. 

 

Em relação à  carne, Graça Silveira afirma que a produção está “no mesmo estado de sítio”. Neste momento, disse, “continuamos a ter uma produção de carne que é o refugo da produção leiteira”. Segundo a número três da listas centrista, “enquanto não existir um investimento sério na reconversão do nosso efectivo bovino e se passar a assumir que as raças de carne são importantes não vamos conseguir produzir uma carne de qualidade”.

 

Graça Silveira entende que “seria importante na Região que a produção de carne local assegurasse o abastecimento da indústria hoteleira e da indústria da restauração, porque a carne açoriana é um cartão de visita para o nosso turismo”.

 

Por outro lado, considerou “inadmissível” que “nos dias de hoje ainda se continua a exportar para o Continente 20 a 30 mil cabeças de gado viva. Isto é, no mínimo, desmotivador para os produtores”, pois os animais ao chegarem vivos ao Continente “desvalorizam substancialmente”.

 

Graça Silveira afirma que “é fundamental que o valor acrescentado da desmancha fique na Região”, caso contrário, até lá, ou seja, “enquanto não investirmos seriamente em indústria de transformação nos Açores, continuaremos a funcionar exactamente como as ex-colónias, onde se ia buscar matéria-prima barata para se transformar na capital do reino”.

 

A candidata, apontou ainda o facto de os Açores, em economia de escala, “não terem capacidade de competir com outros mercados”, pelo que, defendeu, “a aposta na qualidade em detrimento da quantidade”.

 

Os populares entendem que “os incentivos têm que ser dados é à comercialização e não à produção”, porque a solução para a agricultura dos Açores “é ter qualidade a bom preço, em vez de quantidade a preços reduzidos”.

 

Para o CDS-PP, “as nossas limitações geográficas não podem ser vistas como fatalidades, mas sim como mais-valias em termos de oportunidades de mercado”. 

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