A reivindicação surge pela voz de Paulo Mendes, presidente da AIPA (Associação de Imigrantes dos Açores), precisamente na data em que se assinala o Dia Internacional da Diversidade Cultural. Assegura o dirigente associativa que as diligências para efectivar essa pretensão vão avançar em breve. “Vamos solicitar junto dos grupos parlamentares da Assembleia Legislativa Regional uma audiência no sentido de apresentar uma proposta com vista à introdução de Educação Intercultural, de uma forma transversal, nos currículos do ensino obrigatório na Região”.
Paulo Mendes justifica a introdução dessa área de formação por entender que a educação acaba por assumir um papel determinante em todo o processo de valorização de uma sociedade onde cada vez mais convivem e interagem diferentes agentes culturais. “Não podemos esquecer que estamos a falar, nas ilhas, de mais de cinco mil cidadãos estrangeiros oriundos de mais de 40 países. E eles têm prestado um importante contributo para o desenvolvimento económico e social e cultural da Região”, argumenta.
O representante dos imigrantes no arquipélago refere mesmo que “a sociedade açoriana não pode ficar alheia a essa valorização e à construção de uma sociedade plural, inclusiva e coesa”. E é por essa razão que Paulo Mendes apela a um esforço conjunto de valorização e respeito mútuo da diferença, que deverá começar o mais cedo possível e também “nos bancos das escolas”.
Instado a traçar um balanço daquela que tem sido a forma como se tem lidado nos Açores com a diversidade cultural, o presidente da AIPA sustenta que o caminho percorrido tem sido satisfatório, apesar do que diz ser “o pouco tempo que o arquipélago tem enquanto região de acolhimento”.
“Agora é preciso fazer com que essa mesma diversidade cultural possa ser vivida com visibilidade”, desafia. Paulo Mendes recorda que também nas ilhas é necessário contornar uma tendência que se assiste a nível nacional que se pretende, precisamente, com a expressão da multiculturalidade no espaço público. “As pessoas até percebem que existem várias culturas presentes em Portugal mas depois há uma certa dificuldade em fazer com que essa diversidade possa ser visível, nomeadamente em alguns lugares de decisão”. E porque a diversidade cultural não pode ser imposta apenas observada e praticada, o dirigente da AIPA assume que o ponto de partida tem de ser o próprio cidadão nacional. E é com base nesse cenário que o objectivo da efeméride instituída pela Unesco passa essencialmente por promover a experiência desta diversidade num espírito de curiosidade, de diálogo e de entendimento recíprocos.
Luisa Couto ( in AO)