Alexandre Gaudêncio assumiu a intenção da Câmara da Ribeira Grande em “substituir-se ao Governo Regional dos Açores no que concerne à mudança de rumo no que às políticas de ensino profissional diz respeito” porque este, acrescentou, “vive dias conturbados e de falta de estratégia.”
“Temos que mudar de rumo no que às políticas do ensino profissional diz respeito e, se para tal for necessário substituir-nos ao governo regional, iremos fazê-lo, porque precisamos de cursos que respondam às necessidades do mercado atual, em particular as necessidades que urge colmatar por via do crescimento turístico”, salientou.
O presidente da Câmara da Ribeira Grande assumiu esta intenção na sessão solene comemorativa do 20.º aniversário da Escola Profissional da Ribeira Grande, lembrando o passado para entroncar no presente que não responde à oferta existente no mercado de trabalho.
“Há vinte anos atrás a escola abria portas com um curso de pescas, formação que fazia todo o sentido na altura. No entanto, o propósito de dar resposta às necessidades do concelho perdeu-se ao longo dos anos. Hoje, a escola profissional está diminuída na sua ação por via do ensino profissionalizante instituído nas escolas públicas”, criticou o autarca.
Alexandre Gaudêncio entende que esta opção “faz com que os jovens não optem pelas escolas profissionais e coloca em risco o futuro do ensino profissional na região, pois há escolas com capacidade para receber muitos mais alunos e estão a funcionar só com meia dúzia de cursos.”
À “concorrência com o ensino público” junta-se a “premência das verbas destinadas para o efeito sejam, de facto, canalizadas para o ensino profissional”, sustentando que “a expetativa criada para o quadro comunitário em vigor não se concretizou.”
Nesse sentido, Alexandre Gaudêncio não deixou margem para dúvidas e assumiu o papel interventivo da autarquia. “Vamos arrancar, a partir de setembro, com uma série de cursos profissionais direcionados para o mercado de trabalho e para o crescimento que o turismo está a registar na Ribeira Grande.”
“São cursos que vão responder às necessidades do mercado na área do turismo, setor que nos próximos 2/3 anos vai criar cerca de duzentos postos de trabalho, seja em andares, mesa/bar ou cozinha. E é para preencher as lacunas existentes que temos de trabalhar porque, da parte dos promotores, temos a garantia que vão empregar quem tiver diploma nestas áreas”, acrescentou.
Alexandre Gaudêncio vincou a intenção da autarquia trabalhar em sintonia com a escola profissional com o intuito de “dar emprego aos ribeiragrandenses e recuperar o propósito para que foi criada, ou seja, concretizar a visão estratégica direcionada para o mercado de trabalho aquando da sua fundação.”
Neste particular, o edil teceu palavras elogiosas ao autarca que presidia à Câmara da Ribeira Grande em 1998. “É importante e justo realçar a visão de António Pedro Costa, presidente que teve visão estratégica na altura. Se não fosse ele, hoje não estaríamos aqui a celebrar os vinte anos da escola.”
A concluir a sua intervenção, Alexandre Gaudêncio deixou algumas questões no ar. “Qual o futuro do ensino profissional nos Açores? Como estará daqui a vinte anos? A resposta é difícil porque a falta de estratégia do Governo Regional pode colocar em risco tudo o que foi feito até ao momento”, afirmou.