Negociar os termos de pagamento da dívida externa, atrair investimento privado e ajudar os gregos que sofreram com a crise são alguns pontos-chave do programa de Governo da Grécia, apresentado hoje pelo primeiro-ministro, Alexis Tsipras.
Duas semanas depois de ter tomado posse, Alexis Tsipras afirmou que a Grécia quer pagar a dívida, mas quer negociar com os parceiros europeus os termos e as condições desse pagamento, sem por em causa a soberania nacional.
A divida pública da Grécia está estimada em 315 mil milhões de euros.
Qualificando os planos de austeridade como “desastrosos” e que “asfixiaram o país”, Tsipras defendeu, em discurso perante o parlamento grego, a existência de um “programa de financiamento transitório” até que estejam concluídas as negociações para a criação de um plano de crescimento.
Durante uma hora e meia de discurso, o primeiro-ministro grego elencou ainda algumas medidas internas, nomeadamente a criação de um plano para lutar contra uma “crise humanitária” no país, atribuindo ajuda alimentar e eletricidade gratuitas, assim como acesso aos serviços de saúde aos que foram mais afetados pela crise.
Está ainda previsto um aumento do salário mínimo nacional de 580 euros para 750 euros até 2016, a recontratação dos trabalhadores da função pública que foram despedidos e a reativação da televisão pública grega, encerrada em junho de 2013.
Entre as medidas com um valor simbólico em tempos de crise estão a redução do número de viaturas oficiais do Governo, corte nos “privilégios” dos deputados e no “exército de assessores”.
Tsipras comprometeu-se ainda a lutar contra a corrupção e evasão fiscal, através do controlo de grandes depósitos sem justificação fiscal, e a iniciar uma investigação para saber quem são os responsáveis reais sobre a atual situação do país.
O primeiro-ministro grego quer ainda atrair investimento privado, mas não privatizará as redes e as infraestruturas do país, que são o “capital nacional, a riqueza natural e mineral”.
Tsipras disse apoiar “todos os investimentos que contribuam para a criação de postos de trabalho” e que qualquer exploração da riqueza pública deve ser acompanhada de “um plano de investimentos que garantam o interesse público”.
Alexis Tsipras, 40 anos, tomou posse como primeiro-ministro da Grécia a 26 de janeiro, um dia após a vitória nas eleições legislativas do seu partido, o Syriza, que acordou uma aliança de governo com os nacionalistas Gregos Independentes.
Lusa