Quase 107 mil alunos do 4.º ano de escolaridade prestam esta terça-feira provas a Português, mais de 50% dos quais numa escola que não a sua, vigiados por cerca de 10 mil professores que não conhecem.
Hoje de manhã, milhares de crianças vão deixar as suas salas de aula e dirigir-se para uma das 1.153 escolas que recebem os alunos para a prova final de Português. Três dias depois, o cerimonial repete-se para o exame nacional de Matemática.
Pais e encarregados de educação têm chamado a atenção para o nervosismo que sentem nos seus filhos e questionam a necessidade destes exames. Uma das razões do nervosismo prende-se com o facto de as provas terem um peso de 25% na nota final dos alunos. No próximo ano, o peso dos exames será ainda maior, já que irá atingir os 30%.
O Ministério da Educação e Ciência (MEC) defende, no entanto, que esta avaliação externa pretende promover «o sucesso dos alunos com base num caminho de maior rigor e exigência».
Se, para alguns, a realização do exame significa apenas um pequeno desvio do percurso habitual para a sua escola, para outros obriga a muitos quilómetros por estradas nem sempre fáceis.
A mega operação, que se repetirá em todo o país, no entanto, começa bem mais cedo, com os elementos das forças de segurança, responsáveis por transportar os enunciados até às escolas.
Além de estarem numa escola diferente, os alunos serão vigiados por dois professores desconhecidos, já que as regras obrigam a que sejam de outro ciclo de ensino e de uma disciplina diferente à do exame que está a decorrer. No total, serão cerca de 10 mil docentes, segundo estimativas do MEC.
As provas deverão ser corrigidas por cerca de sete mil professores e os resultados serão conhecidos a 12 de Junho. Os que não conseguirem atingir os objectivos terão aulas de recuperação.
O objectivo é permitir a estes alunos um acompanhamento mais individualizado durante esse período, de forma a conseguir a aprovação na segunda fase das provas, que se realizam entre 9 e 12 de Julho.
Uma das polémicas em torno da realização destes exames foi precisamente a de serem feitos fora da escola dos alunos, devido à dificuldade de assegurar a deslocação. No entanto, o MEC garante que as situações estão resolvidas.
«A deslocação de alunos é uma prática que não é nova nem decorre da realização das provas finais, porquanto já vinha sendo adoptada em anos anteriores quando da realização das provas de aferição», garante o MEC, acrescentando que, em caso de necessidade, os directores poderão optar por medidas alternativas como «a deslocação de professores em vez de alunos».
O MEC afirma também que as expectativas são de que «as provas decorram com toda a tranquilidade», uma vez que «as escolas encararam a realização das provas com normalidade e grande sentido de responsabilidade no quadro da sua autonomia».
Lusa