Ambientali​stas criticam equipament​os nas margens das Sete Cidades

Associações ambientalistas criticam a dimensão e tipologia dos equipamentos construídos na margem da Lagoa das Sete Cidades, nos Açores, para apoio às atividades do plano de água, considerando que a solução “destoa” da paisagem.
A requalificação das margens das lagoas das Sete Cidades, um dos principais pontos turísticos da ilha de São Miguel e uma das 7 Maravilhas Naturais de Portugal, insere-se num conjunto de medidas do Plano de Ordenamento da Bacia Hidrográfica das Sete Cidades.
Além de introduzir regras no uso desta área protegida, integra a construção de equipamentos para apoio às atividades do plano de água, designadamente canoagem e atividades náuticas, um bar e uma área de apoio para os técnicos e pessoal de serviço.
O projeto de arquitetura de requalificação das margens é da autoria do arquiteto Souto Moura. Os equipamentos já estão concluídos.
A associação ambientalista Amigos dos Açores e a Quercus manifestam, contudo, “reservas” em relação à arquitetura dos edifícios junto à margem da lagoa questionando a sua integração paisagística e dimensão.
“Colocamos muitas reservas ao dimensionamento que foi feito e ao impacto que, no fundo, aquele efeito de caixote tem perante uma paisagem mais harmoniosa com linhas mais suavizadas e retas”, afirmou o presidente da Associação Ecológica Amigos dos Açores, em declarações à Lusa, questionado sobre a intervenção.
Para Diogo Caetano, não está em causa a requalificação da bacia hidrográfica, que até “já está a ter efeitos práticos interessantes” para impedir o processo de eutrofização, mas a arquitetura dos equipamentos que “não é a mais adequada” para o local, criticando a instalação “tão próximo do plano de água” da lagoa.
“Poderia ter-se feito alguma pequena estrutura, mais vocacionada para a reabilitação de edificios, baseada no turismo de natureza”, defendeu.
No caso da Quercus nos Açores, que garante ter recebido “queixas de alguns particulares”, existiu “mais uma vez um défice de participação e de consulta às ONG”, alegando que se está perante uma área protegida, pelo que “qualquer medida urbanística, de edificação, terá um impacto muito grande” na paisagem.
“As queixas têm a ver com a dimensão dos equipamentos e localização e foi neste sentido que alertámos a Direção Regional do Ambiente e estamos a aguardar uma resposta”, explicou à Lusa o presidente da Quercus nos Açores, Rui Cordeiro.
Já para o presidente da Junta de Freguesia das Sete Cidades, Manuel Arsénio Roque, o projeto é encarado como uma mais-valia para “fixar turistas”, uma vez que “faltavam equipamentos de apoio” neste setor na freguesia.
O diretor regional do Ambiente, Hernâni Jorge, sublinhou à Lusa que as estruturas estão feitas “no quadro do plano de ordenamento” e o projeto “respeita em absoluto os parâmetros” do documento.
Hernâni Jorge Indicou que os esclarecimentos da Quercus referem-se “à delimitação e dimensão da zona para banhos, única e exclusivamente”, já que “deu entrada na quarta-feira na Direção Regional do Ambiente um email a pedir elementos e informações adicionais”.
“Essa delimitação da zona para banhos e atividades aquáticas está feita no plano de ordenamento da bacia que é um diploma de 2005 e foi objeto de discussão pública”, sustentou, lembrando que o projeto de requalificação das margens da lagoa “foi objeto de consulta e discussão pública há vários anos” e está executado.
O diretor regional do Ambiente disse que decorre “a fase de concessionar os espaços” para sua utilização.

 

Lusa

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