“A Lagoa do Congro foi convertida durante o século XIX numa mata ajardinada para uso lúdico e, até meados do século XX, existia o hábito em Vila Franca do Campo de festejar o S. João nesta mata, mas depois a zona foi sendo abandonada”, afirmou Diogo Caetano, presidente da associação, em declarações à Lusa. Na sequência desse abandono, os caminhos deterioraram-se, apareceram plantas invasoras, a drenagem das águas não era feita de forma adequada e a antiga mata ajardinada chegou ao estado de degradação em que se encontra, que dificulta as visitas ao local. A Lagoa do Congro, situada no centro da ilha de S. Miguel, tem um perímetro de 1,2 quilómetros e está rodeada de um denso arvoredo, ocupando uma cratera que resultou de uma erupção vulcânica. A zona, que hoje foi visitada pelos Amigos dos Açores, está classificada como área protegida e as autoridades regionais já adquiriram cerca de metade da cratera onde se encontra a lagoa, mas Diogo Caetano defendeu que há medidas que podem ser tomadas sem ter que esperar pela aquisição da parte restante. “O melhoramento dos caminhos, o desvio de águas, o controlo das invasoras e a criação de linhas de vista sobre a lagoa são medidas que se podem tomar sem esperar pelo plano de bacia hidrográfica, que está a ser elaborado, ou pela compra da outra parte (da cratera) pela região”, afirmou. Para Diogo Caetano, “pode-se ir fazendo alguma coisa e não se está a fazer nada”, frisando que se trata de “uma zona húmida com interesse, que devia ter outro tratamento pelo seu interesse histórico”. A criação de uma rede de caminhos para visitas e manutenção, a melhoria da drenagem das águas e a substituição das pastagens nas imediações por outros usos, como pequenos pomares ou zonas lúdicas de floresta, são algumas das propostas defendidas pelos Amigos dos Açores, para quem a Lagoa do Congro “sendo uma cratera fechada, pode ser um espaço muito importante para a educação ambiental”. Em situação mais grave está a Lagoa dos Nanúfares, situada na mesma cratera, que, segundo Diogo Caetano “está em completo assoreamento, que pode já não ter reversibilidade”. “Está a ficar um pântano”, alertou, frisando ser “importante saber se existe horizonte temporal para uma intervenção de reabilitação desta lagoa, que está em elevado estado de degradação”.
A Associação Ecológica Amigos dos Açores alertou hoje para o abandono em que se encontra a Lagoa do Congro, em S. Miguel, um espaço natural que já foi um dos ‘ex-libris’ do concelho de Vila Franca do Campo.