Ananás dos Açores corre o risco de desaparece​r – produtores

O ananás da ilha de São Miguel, nos Açores, produzido de forma biológica, corre o “risco de desaparecer” sem os apoios à produção disponibilizados pela UE, revela o presidente da cooperativa Profrutos, Rui Pacheco.
Os produtores de ananás recebem ao abrigo do programa comunitário POSEI – que contempla medidas específicas no domínio agrícola para os Açores – 6,53 euros por metro quadrado de cultivo, valor equiparado ao que ao ar livre (o ananás dos Açores é produzido em estufa) é praticado nos territórios ultramarinos franceses (DOM) e nas Canárias (Espanha).
“Sem os apoios previstos no programa POSEI, os produtores de ananás não sobrevivem, de maneira nenhuma. Não teríamos ananás”, diz à Lusa Rui Pacheco, que defende um reforço de verbas à produção no próximo orçamento comunitário plurianual (2014-2020) face ao “agravamento” dos fatores de produção e suportado no facto de o montante das verbas se ter “mantido idêntico” de 2007 a 2013.
Rui Pacheco, para além de apontar que o “risco do ananás desaparecer existe”, explica que os “fatores determinantes” foram a concorrência do abacaxi, que chega a preços mais competitivos ao mercado, bem como a “pressão” da construção civil sobre terrenos com estufas onde o fruto é cultivado, que entretanto abrandou mas que conduziu ao desaparecimento de um terço dos produtores existentes.
“Na década passada, a ameaça principal ao ananás situava-se na expansão habitacional, que estava a levar os produtores a desfazerem-se dos seus prédios de estufas para terem mais-valias financeiras imediatas. Já nos últimos anos do século passado, começou a aparecer no mercado o abacaxi vindo de outras origens através de marcas com grande agressividade e quantidade. Já havia indicações de que estas grandes marcas iriam deslocar-se para a Europa”, explica o presidente da Cooperativa Profrutos.
Rui Pacheco aponta que a produção, que se situava na ordem das duas mil toneladas, “começou a decair” e está atualmente em cerca de 1.300 toneladas, tendo-se entretanto “perdido” a Europa em termos de exportação. Agora, os principais mercados são o nacional, a par de alguma expressão do chamado “mercado da saudade” (emigração) nos EUA e Canadá.
O responsável pela cooperativa Profrutos – que passa a ficar só no mercado por a sua concorrente direta (Anazor) ter entrado em insolvência financeira – defende que o Governo dos Açores deveria dar uma “atenção especial” às cooperativas, apesar de reconhecer que este também passa por dificuldades financeiras.
O ananás de São Miguel é originário da América do Sul e Central, tendo sido introduzido no arquipélago como planta ornamental em meados do século XIX, enquanto as primeiras explorações de caráter comercial surgiram em 1864.
Na quarta-feira, a cadeia norte-americana de ‘fast food’ Mcdonalds lançou, em Ponta Delgada, um gelado com ananás dos Açores que estará disponível nos 138 restaurantes da marca em Portugal, tal como aocntece com produtos similares com maçã de Alcobaça e pera rocha do Oeste.

 

Lusa

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