O ananás dos Açores, a banana e as próteas vão ser alvo de melhoramentos fitossanitários devido a vírus que condicionam a sua produção e qualidade, juntando-se às videiras, revelou hoje à Lusa o secretário da Agricultura.
António Ventura falava após uma visita ao Centro de Biotecnologia da Universidade dos Açores, em Angra do Heroísmo, onde está em curso um projeto de investigação das videiras tradicionais dos Açores para o seu melhoramento fitossanitário.
Afirmando que videiras como do Verdelho, do Terrantez e do Arinto, vão “incorporando determinados vírus” ao longo dos anos, o governante explicou que o Centro de Biotecnologia da academia açoriana está a “criar castas puras, isentas desses vírus”, no âmbito do projeto que arrancou em 2023 e “está em curso”.
“Dentro em breve serão disponibilizados aos vitivinicultores essas espécies em estado isento de vírus que afetam a produção e o rendimento”, afirmou o secretário regional da Agricultura e Alimentação.
O Governo dos Açores vai avançar em 2025 com outras três investigações que contemplam melhoramentos fitossanitários do ananás, das bananeiras e das próteas, produções também relevantes na economia dos Açores.
António Ventura salvaguarda que, com a limpeza das viroses, vão ser utilizados “menos produtos fitossanitários no combate às doenças”.
Segundo a investigadora Marina Filipa Lopes, do Centro de Biotecnologia da Universidade dos Açores, o “ímpeto de reestruturação das vinhas com base nas castas tradicionais está seriamente comprometido, devido ao atual estado de degradação sanitária das castas, pela utilização de material de propagação em paupérrimo estado sanitário resultante de infeções virais”.
Desta forma, fica comprometida a produtividade e qualidade da produção, “induzindo os viticultores a recorrem a outras castas em melhor estado sanitário em detrimento das locais”.
A investigadora refere que “não está disponível no mercado plantio livre de vírus para as castas Arinto dos Açores e Terrantez do Pico”, e a disponibilidade para a casta Verdelho “é escassa e dependente do mercado externo.
Segundo a investigadora, o projeto em curso responde a uma “necessidade emergente de produzir um produto de elevado valor acrescentado (plantio de videiras isentas de vírus), a médio prazo, com competências científicas, tecnológicas e empresariais, indispensável para controlar doenças virais, evitar perdas na produção agrícola, de forma a evitar a importação de novas cultivares de outros países/regiões e preservar o germoplasma tradicional”.
Lusa