A construção de um Cais de Cruzeiros em Angra do Heroísmo, na Terceira, foi denunciada à Delegação de Portugal na UNESCO por colocar em causa os vestígios arqueológicos existentes na baía desta cidade açoriana, que é património mundial.
“Toda a baía está classificada como reserva arqueológica subaquática”, afirmou o arqueólogo subaquático Paulo Monteiro, autor da denúncia, que também fez chegar ao Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR).
Paulo Monteiro, em declarações à Lusa, recordou que a Baía de Angra do Heroísmo foi um porto de escala de naus e caravelas na época dos Descobrimentos Portugueses, considerando ser “uma zona que não permite obras de construção, por serem ilegais à luz da legislação que o governo regional fez aprovar”.
A apoiar esta denúncia está o presidente da Associação dos Arqueólogos Portugueses (AAP) que defendeu a necessidade de “chamar à razão” o Governo Regional dos Açores relativamente à construção do Cais de Cruzeiros na Baía de Angra do Heroísmo, com sítios de interesse arqueológico.
“Estou perplexo por o governo alterar a sua posição em quatro anos. Em 2006 criou legislação para classificar a baía como reserva arqueológica subaquática nacional e agora muda tudo sem qualquer estudo”, afirmou o presidente da AAP, José Morais Arnaud.
O Governo Regional dos Açores reafirmou esta semana a intenção de construir o Cais de Cruzeiros de Angra do Heroísmo, considerando que se trata de um empreendimento que “integra a estratégia de futuro” definida para o transporte marítimo de passageiros e para o turismo de cruzeiros nos Açores.