Ano letivo começa com as escolas a fazer contas ao cortes

Os professores preveem um ano letivo, que hoje começa, “extremamente complicado”, com o corte de 800 milhões de euros a sentir-se “no primeiro período” e estando já previstos outros “500 milhões a menos” para o próximo ano civil.

“Sabemos que começa agora, de 8 a 15 de Setembro, mas ninguém consegue dizer como é que isto vai acabar, porque vamos ter aí situações de rutura extremamente complicadas”, disse à agência Lusa o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (FENPROF).

As escolas, afirmou Mário Nogueira, estão “a “funcionar no limite, a pedir papel higiénico” aos pais.

“Vai ser extremamente complicado. Estamos muito, muito preocupados”, referiu, indicando que o novo ano letivo traz novas regras de organização às escolas que “as impedem de continuar a dar resposta a projetos de promoção do sucesso e combate ao abandono escolar”.

O secretário-geral da Federação Nacional da Educação (FNE) subscreve: “Medidas de combate ao insucesso também precisam de pessoas”.

João Dias da Silva regista a situação dos professores que ficaram sem trabalho e, se há excesso de diplomados para as necessidades do setor, também há professores há nove e 10 anos no sistema que agora não tiveram colocação, frisou.

“Não é compreensível que, havendo uma taxa insuficiente de educação pré-escolar, com crianças sem vaga, haja educadores no desemprego”, acrescentou.

A FNE espera que este ano letivo se concretize o grande debate sobre autonomia escolar que o Governo prometeu.

A organização das escolas é também a maior preocupação de Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP).

“A organização que nos deixou o anterior Governo é absolutamente penalizadora”, defendeu o presidente da associação, Adalmiro Botelho da Fonseca, referindo-se ao corte nos créditos horários concedidos aos estabelecimentos para se organizarem: “Davam-nos mais professores e mais hipóteses de trabalho com os alunos”.

Na escola que dirige, no Norte, tinha uma assessoria de 18 horas. “Neste momento tenho zero, não sei quem vai trabalhar com os professores que estão a dar todos os cursos de educação e formação e profissionais”.

O dirigente vai tentar encontrar algum professor que tenha as horas letivas já diminuídas em função da idade.

O mesmo problema se coloca com a gestão dos equipamentos instalados ao abrigo do Plano Tecnológico da Educação (PTE). “Tínhamos um crédito de 16 horas para alguém trabalhar toda a tecnologia que puseram nas escolas. O professor que as tinha era capaz de trabalhar 50 horas, agora com zero não trabalha nenhuma”.

Adalmiro Fonseca receia que “todos os milhões gastos em tecnologia” acabem no lixo se não colocarem alguém a zelar pelos equipamentos.

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