Em declarações à agência Lusa, Nuno Costa Santos explicou que o evento, que está a decorrer pela primeira vez na ilha Terceira (após quatro edições em São Miguel), tem como “objetivo” “associar o arquipélago à literatura e a literatura ao arquipélago” açoriano.
“Não há a importação de uma ideia. Há uma revelação e uma consagração de uma condição daquilo que os Açores são: um berço de grandes escritores e um lugar onde os escritores podem habitar. Os Açores não só como museu vivo da Literatura, mas também como grande residência do centro do atlântico onde se podem cruzar vários mundos”, afirmou.
Desde 2018 que o Arquipélago de Escritores tem decorrido em Ponta Delgada, sendo que, em 2020, devido à pandemia da covid-19, o evento decorreu online.
A edição de 2021 começou em Ponta Delgada, São Miguel, a 25 de novembro, e vai terminar no domingo em Angra do Heroísmo, na Terceira.
“Estamos aqui não a fazer qualquer tipo de adaptação do conceito à Terceira, mas a consagrar a ideia inicial do Arquipélago de Escritores, que aliás, está na própria designação, quer ter essa ambição arquipelágica”, afirmou o organizador.
Segundo disse, o “objetivo” da iniciativa literária é chegar a “todas as ilhas de forma igualitária sob ponto vista da programação”, apelando à “vontade das entidades públicas” para perceberem a “causa” que move a organização do festival.
“Isso no fundo é uma causa. Uma causa em prol de uma ideia e de um objetivo: de transformar os Açores naquilo que já são. Uma narrativa de base literária”, reforçou.
Nuno Costa Santos defendeu que os Açores se devem “apresentar perante si próprios e para o exterior” como um “verdadeiro arquipélago de escritores”, salientando que “muitos dos autores” açorianos “não são verdadeiramente reconhecidos”.
“Os Açores devem-se mostrar ao mundo e a todos os interessados de forma cultural, aliando a paisagem à cultura. A melhor forma de o fazer através dos seus grandes narradores”, assinalou.
Da programação do evento na Terceira, o organizador destacou um jantar decorrido na quinta-feira, da autoria do chef Vítor Sobral, onde a “gastronomia foi inspirada pela poesia de Luísa Ribeiro”.
Na sexta-feira, aconteceu uma conversa com Christopher Cerf, letrista do programa televisivo infantil Rua Sésamo.
Hoje, decorreu um roteiro literário pela cidade de Angra do Heroísmo, que passou por galerias de arte, cafés, pela casa onde nasceu mãe de Fernando Pessoa e por outros espaços culturais.
Para hoje, está ainda marcada uma conversa com a escritora americana de descendência açoriana Katherine Vaz e um “momento dançante” intitulado “Os escritores também dançam”.
No domingo, vai decorrer uma homenagem ao escritor Mário Machado Fraião, uma conversa acerca do “Olhar estrangeiro sobre os Açores” e o lançamento do livro “Filhos da Madrugada”, de Anabela Mota Ribeiro.
Lusa