Ricardo Toste
Coordenador da Comissão da Ilha Terceira do BE/Açores
Numa região chamada Açores continua a subida do desemprego. Trabalhadores e trabalhadoras, “pela calada da noite”, são empurrados para o desemprego (4924), vive-se com salários de miséria e muitos idosos vivem o drama das suas parcas pensões nem darem para os medicamentos.
O Governo Regional desdobra-se em acções de propaganda (inaugurações de coisas já inauguradas, a colocar a primeira pedra em tudo quanto é sitio, a anunciar o já anunciado, a distribuir sonhos não realizáveis). Carlos César e o seu Governo refere-se, de certeza, a outra região, uma região do “faz de conta”, onde a crise não existe, o desemprego está a diminuir, os idosos foram tirados da pobreza graças ao “complementozinho”……
Mas cá, na nossa realidade, porventura, mais mundana, mas de certeza real, onde já 4924 açoriano(a)s perderam o seu emprego e, por consequência 252 famílias não conseguem cumprir com os seus encargos financeiros. Aquelas famílias, pelo menos as que estão informadas e que procuram auxílio num qualquer gabinete de apoio “mais ou menos” moral, sentem que o mundo real está longe do que é anunciado por um Governo Regional “mais ou menos” socialista.
Os nossos pensionistas com o seu curto rendimento não conseguem fazer face às crescentes despesas em saúde e bens essenciais.
Os jovens além de auferirem baixos salários, convém lembrar que vivemos na região com o salário médio mais baixo, deparam-se, também, com a precariedade laboral, a qual tem vindo a contribuir para um sentimento de incerteza e falta de confiança em relação ao seu futuro, para a ausência de perspectivas e que serve para potenciar novas formas de submissão…
Os serviços públicos são gradualmente delegados a empresas públicas, que são geridas por ditos senhores que detêm o monopólio da região e num futuro, mais ou menos próximo, estas empresas, supostamente, públicas tornar-se-ão 100% privadas completando o processo de privatização em curso (PRC) dos serviços públicos. Em 30 anos passámos do PREC para o PPC, mas nunca ninguém viu o Governo Regional junto do povo Açoriano a dar uma explicação ou pedir desculpa pelos efeitos da sua política.
Talvez seja altura de começar a exigir a Carlos César e ao seu governo explicações pela sua politica de direita que vem aplicando nos Açores que é a mesma de Sócrates.
Mas assim, deixaria de ter tempo para as suas operações de propaganda, arriscando-se a que lhe perguntassem quais são os efeitos desta política de propaganda no abrandamento à crise.
Este Governo Regional “mais ou menos” socialista é, sem sombra para dúvida, óptimo em acções de propaganda, mas péssimo em gerir prioridades, ou seja, na acção política. Esqueceu o povo, sem deixar de serem especialistas em iludi-lo. Se calhar, porque acredita nas suas próprias ilusões, pensando que através do “betão” estará a desenvolver as pessoas.
Os açorianos e açorianas já merecem, há muito tempo, um Governo de esquerda, em vez de um Governo “mais ou menos” de esquerda!
PS (salve o seja): Para alguém que fez um “dói.., dói…” com bagacina durante a semana…
A maioria dos professores e seus representantes sindicais sempre defenderam a necessidade de se proceder a uma negociação e análise mais aprofundada e serena do Estatuto da Carreira Docente, que permitisse produzir propostas mais consensuais. Contudo, a proposta “mais ou menos” socialista foi apresentada nas “costas” dos professores.
O Grupo Parlamentar do BE/Açores propôs, em Plenário, que todas as propostas “baixassem”, novamente, à Comissão para que, assim, se procedesse a uma análise e negociação mais serena, exaustiva e possibilitando a participação efectiva dos professores e seus representantes sindicais. Mas para surpresa das surpresas, tal proposta foi chumbada pela maioria “mais ou menos” socialista receosa de ouvir, quem em seu pleno direito deveria ser ouvido.