1. Para quem, como eu, tem acompanhado de perto, durante os últimos quatro anos, a vida política regional e municipal, só pode achar patético o conteúdo das últimas prosas que o Vereador Comunista na Câmara da Horta nos tem brindado. O seu teor seria um belo argumento para um filme de humor negro, só compreensível nó contexto artístico do movimento do “non sense”. É que só assim se pode entender o seu sobre-humano esforço argumentativo e a sua risível reivindicação de que foi, imagine-se, graças à entrada da CDU na Câmara, que o Governo Regional restaurou o investimento público regional no Faial (Carlos César não deve dormir com o receio da força reivindicativa e denunciadora daquele Vereador, principalmente nestes últimos quatro anos!…). E mais: atreve-se a reivindicar para a sua força política e para ele (que têm sido no essencial coniventes e apoiantes silenciosos das omissões e da incapacidade absoluta da Câmara Municipal da Horta) o papel de garantes dos interesses do Faial perante a Região. Ou seja: para aquele até agora tão silencioso vereador, só ele e os seus camaradas (ou será mesmo só ele?) é que defendem o Faial e os outros políticos, principalmente os do PSD, são uns incapazes. Pela minha parte, denuncio e rejeito tal visão distorcida e falsa da realidade.
O Vereador a meio tempo e a sua força política põem-se em bicos de pés e querem para si as coisas boas, mas onde têm estado, nestes últimos quatro anos, a tomar posições firmes e próprias na defesa, por exemplo, da ampliação da pista do aeroporto da Horta, da segunda fase da Variante, da reabilitação das estradas interiores da Ilha, da reparação das Igrejas do Carmo e de S. Francisco, do campo de golfe, das termas do Varadouro? Ou será também devido à presença da CDU na Câmara que o governo decidiu não fazer o Estádio Mário Lino sem que esse cancelamento não significasse nenhum acréscimo de investimento para o Faial?
O que aquele Vereador no fundo quer é fugir às suas responsabilidades. Fala a correr do que fez na Câmara porque não tem nada de relevante para mostrar. Logo de seguida, e à falta de obra da autarquia, começa a enumerar a obra do Governo no Faial (aqui devo reconhecer que aprendeu depressa e bem com o actual Presidente da Câmara, que ele tanto criticava quando misturava nos seus discursos os planos autárquico e regional) e conclui, para alimentar as expectativas dos mais distraídos, com o registo táctico do “agora é que vai ser”, agarrando-se com o desespero do náufrago à tábua do saneamento básico!
A verdade dos factos impõe que se diga que a CDU e o PS são os responsáveis, a nível municipal, por mais quatro anos de adiamento dos importantes projectos para o Faial. Por isso, o seu dever é o de se explicarem aos Faialenses. E, já agora, deixem essa desculpa esfarrapada dos atrasos dos dinheiros comunitários, porque então teriam de explicar porque é que só na Horta nada se fez por causa disso!
No meio de tudo isto, é confrangedor o silêncio do PS e do Presidente da Câmara. Já sabíamos que a CDU advogava para si o pouco de bom que aconteceu nestes quatro anos na vida municipal. Agora, preto no branco, ficámos também a saber que o pouco investimento regional que foi feito no Faial, no dizer do Vereador comunista, aconteceu graças à influência da CDU. E o PS do Faial o que tem a dizer sobre isto? E o Presidente da Câmara, refém do apoio da CDU, nada diz?
É que os Faialenses gostariam de saber.
2. Acho que hoje poucos têm dúvidas que é sobretudo devido ao mau poder municipal que temos tido que a Horta parou no tempo. Tal constatação é repetidamente assumida e verificada por quem nos visita. E foi essa também a conclusão da presidente do PSD/Açores numa entrevista ao semanário local.
Sentindo-se na obrigação de responder a essa crítica, o actual Presidente da Câmara e o Vereador a meio tempo, um no Faial e outro na imprensa fora do Faial, sentiram-se na obrigação de defenderem a sua dama. E se o Vereador se refugiou em raciocínios mais políticos, o Presidente da Câmara, com a falta de habilidade que lhe é habitual, escolheu o pior terreno para criticar a Presidente da Câmara de Ponta Delgada: o da obra feita. A questão é muito simples: quem nada faz, como pode criticar os que fazem? Quais as obras que ele tem para comparar com as de Ponta Delgada? Criticou os parques de estacionamento subterrâneos em Ponta Delgada. Mas, aqui nem à superfície os temos, quanto mais subterrâneos. A não ser aquele belo exemplar urbanístico que foi criado no espaço mais nobre da nossa Avenida Marginal. Criticou a grande construção que se regista em Ponta Delgada fruto da expansão e desenvolvimento que a Câmara tem proporcionado naquela cidade. E aqui o que fez esta Câmara em termos de habitação e reabilitação urbana? Zero absoluto!
Não conheço com profundidade os planos urbanísticos de Ponta Delgada, mas como pode o Presidente da Câmara da Horta criticar planos urbanísticos de outros quando está há anos a elaborar um plano de urbanização para a nossa cidade que, quando entrar em vigor, já estará desactualizado?
Todos sentimos que a Horta está parada no tempo. Basta irmos aqui à nossa ilha do Pico para o confirmarmos. Mas então se formos a Ponta Delgada esse sentimento é esmagador!
O desespero é, de facto, muito mau conselheiro argumentativo!
Luís Garcia