A SATA a atirar areia para os nossos olhos!
Na sequência do artigo publicado no diário “A União” intitulado “SATA concentra actividade em São Miguel”, veio a SATA prestar esclarecimentos em relação ao assunto. Note-se que o referido artigo levanta, de forma pertinente e por justa causa, uma série de problemas que poderão resultar da anunciada extinção da base operacional da Terceira, ou seja, retirar o único avião da SATA colocado, desde o início dos anos 90, na ilha Terceira a título permanente.
A resposta da SATA, através de uma nota de “Esclarecimento”, é de uma hipocrisia notável! Resolveu o Gabinete de Comunicação e Imagem, certamente por directiva da Administração, num esclarecimento típico dos fracos políticos, desviar a atenção dos vários problemas levantados para apenas um ou outro de menor relevância: “a mudança de local de trabalho de quatro pilotos (da Terceira para São Miguel) ”, “não conduzirá à diminuição de postos de trabalho”, “não levará ao encerramento de serviços na ilha”.
Ora, apesar destes apontamentos serem sem dúvida os de menor importância no quadro geral, julgo eu que ainda assim são merecedores de alguma atenção. Pergunto: Se os pilotos (entenda-se comandantes e copilotos) perdem o seu lugar de trabalho na ilha e se, naturalmente, os seus cônjuges perdem os seus empregos, estarão ou não a ser encerrados serviços na ilha? Estarão ou não a ser diminuídos postos de trabalho na ilha? E alguém se lembra de perguntar: Qual será para estas famílias o real custo desta deslocação? As suas casas? Os filhos? As escolas que perdem mais alguns alunos? Mas adiante, pois, como disse, este é realmente o “problema menor” desta tramóia…
Por outro lado, fosse o Dornier substituído pelo Dash, sabem os senhores leitores que, isso sim, levaria a que abrissem mais vagas de trabalho na ilha Terceira? É que o novo avião implica mais esforço humano (pilotos e assistentes de bordo) do que o actual! Mas isso não interessa à SATA revelar, pois os novos empregos vão, uma vez mais, ser para os habitantes de São Miguel!
Agora, o que eu gostaria de ver respondido, e bem respondido (!), são as questões que têm implicações na vida de todos os residentes nos Açores, bem como dos visitantes, quer no dia a dia, quer em cenários de catástrofe!
Note-se, que, estes sim, são os reais problemas que ficaram no ar enquanto a SATA nos atirava areia para os olhos!
Respondam-nos:
1- – Se estiver mau tempo em São Miguel e todos os aviões ficarem lá presos, porque teremos todos de pagar por isso? Bastaria um avião colocado na Terceira para garantir um serviço mínimo nas restantes ilhas do arquipélago.
2- – Ocorra um acidente com um avião na pista de São Miguel e que danifique a mesma, eventualmente por vários dias, teremos todos de ficar sem transporte aéreo?
3- – Ocorra uma catástrofe natural que leve ao encerramento da pista de Ponta Delgada, teremos todos de ficar sem transporte aéreo e eventualmente, nalgumas situações, transporte de emergência, sabendo de antemão que o Dash tem mais capacidade de transporte do que os velhos Aviocar e do que os frequentemente avariados helicópteros da Força Aérea?
4- E desde quando é que as ligações aéreas no Grupo Central e Ocidental poderiam alguma vez melhorar caso o avião fosse colocado na pontinha do arquipélago (em São Miguel)??? A questão da melhor gestão das tripulações não são resposta, muito menos o bode espiatório! Pensam que somos burros e cegos??? PARA MELHORAR AS LIGAÇÕES AÉREAS NO GRUPO OCIDENTAL E CENTRAL HÁ-QUE COLOCAR O AVIÃO NO CENTRO DA OPERAÇÃO: NO GRUPO CENTRAL!!!
É de maior importância que todos os habitantes dos Açores entendam bem as implicações que a eventual deslocação do avião da SATA, colocado presentemente na ilha Terceira, para a ilha de São Miguel terá. Manifestem-se agora ou calem-se para sempre, mas não venham mais tarde dizer, que a SATA isto e que a SATA aquilo e que deveria era ter um avião na Terceira para evitar situações como esta, como esta aquela ou aqueloutra!