Lamentavelmente, a SATA/Azores Airlines extinguiu a rota Terceira-Porto, a 12 de
outubro de 2017, justificando-o com as alegadas baixas e pouco rentáveis taxas de
ocupação nesta rota.
Este argumento não se aceita por ser falso. Se não vejamos: a operação era
inicialmente efetuada com a aeronave A320 com cerca de 160 lugares de capacidade.
A pergunta que se impõe é: qual era a taxa de ocupação com esta aeronave?
Entretanto, a SATA alterou o equipamento para um A310 com capacidade para 220
passageiros. Obviamente que a taxa de ocupação diminuiu. Porque é que a SATA
mudou de equipamento?
A conclusão a que se chega é que a SATA, devido aos erros de gestão, ao alienar um
A320, ficando apenas com três, ficou sem capacidade de resposta para servir os
Açores, desviando o A320 que servia a rota Terceira-Porto, para servir outras
gateways.
É interessante constatar o seguinte facto: segundo a SATA, não havia passageiros para
a realização de um voo semanal, mas curiosamente passou a haver passageiros para
dois voos semanais da Ryanair. Como justificam isto?
Numa rota liberalizada, só há baixa de preços quando há concorrência entre as
companhias e a SATA na gateway da Terceira desistiu de ser o regulador de preços e
de entrar no mercado, de modo a proporcionar concorrência e preços mais baixos. Os
passageiros da gateway da Terceira estão abandonados à sua sorte, pela SATA e pelo
Governo Regional.
Porque é que na Terceira se diminuíram os voos da SATA, quando entrou a Ryanair?
Porque não se fez o mesmo em Ponta Delgada? Em que é que ficamos? Como se
servem os açorianos equitativamente? Como se desenvolve os Açores com esta
política centralista da SATA e do Governo Regional?
Artur Lima | março 2018