A Associação Portuguesa de Crianças Desaparecidas (APCD) lançou hoje um ‘kit’ que permite armazenar o ADN de uma pessoa durante 20 anos e ser utilizado na investigação de um caso de desaparecimento, crime ou catástrofe.
Lançado no Dia Internacional da Criança Desaparecida, o ‘kit’ de identificação ‘O meu ADN’, concebido em parceria com a GNR, permite a recolha e identificação do ADN de uma criança, uma ferramenta já utilizada em países europeus e nos Estados Unidos e considerada das mais importantes para investigar o desaparecimento de um menor, segundo a APDC.
As amostras armazenadas no kit têm uma durabilidade mínima de 20 anos, durante os quais serão guardadas pela família, e, após os 18 anos pelos próprios, caso o pretendam.
“Em caso de catástrofe natural, de crime ou desaparecimento”, esta informação poderá “ser entregue à polícia para que a amostra seja comparada com as amostras recolhidas nos locais que a polícia investiga”, explicou à agência Lusa a presidente da associação, Patrícia Cipriano.
Desenvolvida em parceria com Derek Forest, perito em identificação de vítimas de catástrofes naturais e consultor da Interpol, esta ferramenta pretende “colmatar a inexistência em Portugal de uma ferramenta, de preço acessível a todos, que permita às famílias a sua utilização em caso de desaparecimento”.
“Em Portugal não há a mentalidade de prevenir situações”, mas “nos Estados Unidos, na Inglaterra e noutros países da Europa o ADN é fundamental para investigar uma situação de desaparecimento”, disse Patrícia Cipriano.
Há mesmo casos em que, apesar de não se encontrar o corpo da pessoa desaparecida, o ADN vai confirmar que ela esteve naquele local, adiantou a presidente da APDC.
“A partir daí a investigação fica na posse de elementos fundamentais para ter um caminho, para ter suspeitos e para fazer também as suas teses de investigação”, acrescentou.
‘O meu ADN’ vai estar à venda a partir de 1 de junho em várias lojas de uma rede de supermercados, com o preço de 24,90 euros.
Patrícia Cipriano avançou que estão a ser criadas estratégias pata que o kit possa ser vendido em lote para famílias numerosas, forças de segurança, para o exército e profissionais de risco.
A Associação Portuguesa de Crianças Desaparecidas estuda a forma como em Portugal, a questão do desaparecimento, abuso e exploração sexual de crianças é tratada e acompanhada pelos envolvidos no processo.
“Esta problemática infelizmente não tem a atenção que deveria por parte das autoridades, nomeadamente por parte da classe política, e também por parte da sociedade civil”, lamentou Patrícia Cipriano.
A responsável disse compreender que, “no meio de tanto problema a nível económico”, que a sociedade “vive neste momento esta causa não seja tão debatida quanto deveria”, mas lembrou há uma média de 4.000 desaparecimentos por ano, sendo a maioria de “menores que fogem e que são subtraídos a um progenitor por parte do outro”.
Lusa