De acordo com as contas públicas das duas empresas, que o Governo Regional enviou recentemente ao Parlamento dos Açores, a Atlânticoline, que opera entre todas as ilhas, teve um resultado positivo de 65 mil euros, ao passo que a Transmaçor, que opera apenas no Grupo Central, apresentou um resultado negativo de 65 mil euros.
O relatório de contas de 2011 das duas empresas, a que a Lusa teve acesso, revela, porém, que foi a Transmaçor quem ajudou a equilibrar as contas da Atlânticoline, ao assumir nesse ano, por decisão do Governo regional, uma dívida de 550 mil euros, que será transferida para os cofres da segunda.
O dinheiro em causa refere-se a uma antiga multa aplicada à Transmaçor, em 2006, por alegado incumprimento no serviço público de transporte marítimo nesse ano, numa altura em que a empresa era ainda gerida por privados.
Ao assumir a maioria do capital social da empresa em 2011 (cerca de 88%), o Executivo açoriano deu orientações à administração da Transmaçor para que assumisse a dívida referente a essa multa.
Apesar do saldo positivo de 65 mil euros, a administração da Atlânticoline recorreu em 2011 a um empréstimo bancário de 2 milhões de euros e quase esgotou o ‘plafond’ das duas contas caucionadas que possuía, no valor de 3 milhões de euros, para evitar uma derrapagem financeira.
No total, foram 5 milhões de euros de dívidas que a empresa contraiu nesse ano, mas que esperava serem cobertos com o valor das indemnizações exigidas pela região aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, pela recusa do navio Atlântida, que não chegaram a ser pagas.
Em contrapartida, a Transmaçor apresentou em 2011 um resultado líquido negativo de 65 mil euros, embora tenha vendido o navio Ilha Azul e tenha obtido “rendimentos extraordinários” no valor de 600 mil euros, devido à assunção de dívidas da empresa contraídas por um antigo administrador.
Apresar de tudo, a administração da Transmaçor conseguiu reduzir o passivo da empresa de 11,4 para 7,6 milhões de euros, em apenas um ano.
A Atlânticoline (que opera apenas no verão) transportou em 2011 cerca de 125 mil passageiros e recebeu da região uma compensação financeira de 8,2 milhões euros pela prestação do serviço público.
Já a Transmaçor (que opera durante todo o ano), transportou no mesmo período 400 mil passageiros, ou seja, três vezes mais do que a Atlânticoline, mas recebeu do Governo apenas 1,6 milhões de euros, ou seja, cinco vezes menos.
O secretário regional do Turismo e Transportes, Vítor Fraga, anunciou a 21 de novembro, durante o debate do programa do Governo regional no Parlamento açoriano, a intenção de proceder à “fusão” das duas empresas, com vista à redução dos custos de operação.
Lusa