O diretor do Trabalho e Qualificação profissional do Governo açoriano, Rui Bettencourt, apontou hoje o aumento do horário nas empresas privadas com um dos fatores de agravamento das “incertezas” sobre a evolução do desemprego nas ilhas.
“O fato de se passar a trabalhar mais meia hora por dia faz com que 15 trabalhadores trabalhem por 16, podendo haver a tentação de algumas empresas de dispensarem o ativo ‘a mais’”, advertiu Rui Bettencourt.
O diretor regional do Trabalho indicou o corte no subsídio de Natal como outra das medidas adotadas pelo Governo da República com efeitos imediatos no mercado de trabalho das ilhas.
“Este ano vamos ter uma dificuldade particular porque vai haver menos 20 milhões de euros no comércio” no arquipélago, o que “terá consequências”, adiantou Rui Bettencourt.
Em declarações à agência Lusa num intervalo da região da Assembleia das Regiões da Europa, a decorrer em Ponta Delgada, o responsável do Executivo açoriano insistiu também em que a “incerteza” sobre a evolução do mercado de trabalho se manterá “enquanto não houver uma solução na origem”.
“Temos um problema grave de financiamento de alguns setores da nossa economia e de retração da economia que são consequências da situação nacional e europeia, tendo, por isso, de haver uma solução primeiro na origem”, alegou.
Segundo o Inquérito ao Emprego do INE, a taxa desemprego sofreu um agravamento de 1,9 pontos percentuais nos Açores entre o segundo e o terceiro trimestres deste ano, fixando-se nos 11,6 por cento.
Rui Bettencourt garantiu que, não podendo inverter um quadro condicionado pelo exterior, o Governo Regional procurará “minimizar” os seus efeitos, “não baixando os braços, sobretudo em relação a cada uma das pessoas que se encontra em situação do desemprego”.
“Temos de aproveitar essa travessia das dificuldades para fazer para que no fim do processo as pessoas tenham outras competências e a economia tenha outra qualificação”, disse ainda.
Na sua intervenção na reunião Assembleia das Regiões da Europa, que termina hoje, o diretor do Trabalho e Qualificação Profissional açoriano propôs a procura conjunta de “uma nova geração de políticas de emprego coordenada a nível regional”.
Embora admitindo que cada uma das cerca de 200 regiões presentes tem problemas específicos, Rui Bettencourt sustentou que para todas a situação atual apresentam o mesmo desafio: “a necessidade de uma vontade política muito forte para agir no mercado de trabalho”.