“A reclassificação do IVA vai ter um grave impacto económico” na actividade dos distribuidores, disse a diretora-geral da associação portuguesa de empresas de distribuição – APED, Ana Isabel Morais, assumindo a “gravíssima preocupação” da associação com a decisão do Governo de agravar o IVA para aumentar a receita pública.
Representando grandes superfícies como o Modelo Continente ou o Pingo Doce, a APED invoca um estudo recente da associação que estima “quebras acentuadas” no consumo por causa do aumento do IVA, embora menos acentuadas no ramo alimentar.
“De janeiro a setembro houve uma quebra muito ligeira nas vendas do setor alimentar, de 0,2 por cento, enquanto nas outras subcategorias do setor não alimentar – como a eletrónica de consumo, que caiu quatro por cento ou o vestuário, quase nove por cento – a quebra foi maior”, explicou a diretora-geral da APED.
A quebra é sentida pelas grandes superfícies desde o início do ano, mas acentuou-se com as últimas medidas de austeridade: “Numa família com duas crianças e um rendimento mensal de mil euros, cerca de 35 por cento do rendimento é gasto no cabaz de bens essenciais. Com o agravamento do IVA isto vai traduzir-se num aumento do orçamento familiar de 36 euros por mês, o que é muito forte para os agregados familiares, e falamos apenas do cabaz alimentar essencial”.
A proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano prevê um agravamento para a taxa máxima de 23 por cento do imposto sobre o valor acrescentado (IVA) de produtos como água engarrafada, batata frita congelada, refrigerantes, óleos alimentares ou margarinas, antes taxados à taxa mínima de seis por cento ou à intermédia de 13 por cento.
Além do aumento de impostos, o desemprego, os cortes nos subsídios de natal e férias dos funcionários públicos nos próximos dois anos e a taxa de inflação de 3,6 por cento em setembro, segundo o Instituto Nacional de Estatística, estão a contribuir para a diminuição dos rendimentos dos consumidores e das vendas dos distribuidores.