A restauração e hotelaria perderão 200 mil empregos em dois anos caso aumente o IVA no ramo, alertou o secretário-geral da associação do setor, que ameaçou, caso tal aconteça, apoiar o consumo de produtos importados pelas empresas portuguesas.
Caso o Governo avance com alterações, José Manuel Esteves prometeu que a associação não vai ficar quieta na contestação a uma medida que disse ser uma machadada num setor que vê as margens esmagada há quase dez anos para se manter competitiva e que, citando estatísticas da União Europeia, disse ser 19 por cento mais barato que a média europeia e 14 por cento mais barato que em Espanha.
“Vamos ter uma reação de defesa intransigente da sobrevivência das nossas empresas. Vamos começar imediatamente a ajudar as nossas empresas a importar produtos que nos permitam subsistir no mercado para não aumentar muito os preços de venda”, alertou.
Acrescentou ainda: “Não nos resta mais que diminuir a qualidade dos produtos (…), se mexerem nas margens das nossas empresas, é o salve-se quem puder – mercado paralelo, aumento das importações, fuga fiscal, polícias dentro dos estabelecimentos (…) são tempos muito difíceis que vamos viver, e por isso o bom senso imperará, porque ninguém quer confrontações públicas”.
José Manuel Esteves reiterou a importância da hotelaria e da restauração como um importante setor exportador, com reduzida incorporação de produtos importados e que recolhe junto dos turistas receitas de IVA, que entram nas finanças portuguesas.
“Neste momento já assistimos a uma violentíssima perda de postos de trabalho, no ano passado fecharam quase 6 mil estabelecimentos de bebidas e restauração em Portugal, estimamos que esta ano ultrapasse os 10 mil”, acrescentou o responsável, destacando o papal das micro e pequenas empresas do setor como “importantíssimas fontes de emprego e de estabilidade social”.
Para aumentar as receitas fiscais na hotelaria e na restauração, o secretário-geral da AHRESP defendeu assim a criação de indicies setoriais, “que até hoje ninguém foi capaz de por a funcionar” e que evitaria a fuga ao fisco.
O aumento da taxa do IVA “vai promover a evasão e a fraude fiscal, que a AHRESP combate há décadas, promove a concorrência desleal aos que procuram ser cumpridores. Os índices setoriais permitem que todos paguem menos, de forma justa e equilibrada. Os espanhóis e italianos vivem satisfeitos, as empresas pagam todas, mas menos do que pagavam – as que pagavam – e o Estado arrecada mais”, defendeu.