O líder do PSD/Açores afirmou hoje que a autonomia “não será nunca cumprida” enquanto houver “as dificuldades, o desemprego e a fome que grassa” nas ilhas, sendo necessário encontrar soluções no “sistema político” regional para estes problemas.
Duarte Freitas, que falava aos jornalistas no final da sessão solene do Dia da Região Autónoma dos Açores, no parlamento açoriano, na Horta, sublinhou que no dia em que se festeja a “açorianidade” e a “partilha” que simbolizam as festas do Espírito Santo há pessoas a passar “muitas dificuldades” nas ilhas.
“É bom que lembremos todos os que na nossa terra atravessam dificuldades, estão desempregados, com fome”, afirmou, acrescentando que “a autonomia também foi feita para arranjar soluções e não meramente para ser festejada”.
“É bom que festejemos a autonomia como processo histórico, mas é bom que percebamos também a responsabilidade que esta autonomia nos dá para ajudarmos todos aqueles que, ao atravessarmos a maior crise social e económica desta nossa história autonómica, estão com estas dificuldades”, acrescentou.
Para o líder do maior partido da oposição nos Açores, “a autonomia não será nunca cumprida enquanto houver as dificuldades, a fome, o desemprego que grassa nos Açores”.
“É nessas pessoas que temos de pensar para arranjarmos soluções através do nosso sistema político”, sublinhou.
Já os líderes parlamentares do CDS-PP, do PCP e do PPM criticaram o discurso do presidente do Governo Regional e da presidente do parlamento.
Para Artur Lima, do CDS-PP, no discurso de Vasco Cordeiro houve “falta de esperança”, tendo-se limitado a “enumerar uma série de lugares comuns”.
O deputado condenou que o presidente do Governo Regional não tenha dirigido uma “única palavra” à “geração mais qualificada de sempre” e que “neste momento tem uma taxa desemprego elevadíssima”, nem tenha feito referência ao “flagelo do desemprego” e à proposta de reestruturação do Serviço Regional de Saúde que está em debate público, que considerou “austeridade pura e dura” sem fundamentação “científica”, “clínica” ou “monetária”.
Também o deputado do PCP, Aníbal Pires, considerou que Vasco Cordeiro e a presidente do parlamento açoriano, Ana Luís, podiam ter ido “mais longe” e ter feito intervenções “mais incisivas relativamente a algumas questões” que preocupam e afetam a região.
“De facto, como disse o presidente do Governo Regional, a autonomia não pode nem deve ser uma muralha, mas a verdade é que é um instrumento que pode e deve ser utilizado para promover políticas de desenvolvimento económico, de coesão, de desenvolvimento harmónico e sobretudo acudir à grave situação que estamos a atravessar”, acrescentou, considerando que “esses instrumentos não estão a ser totalmente utilizados para que se possa minimizar os efeitos da crise” nos Açores.
Paulo Estêvão, do PPM, considerou que “foram discursos meramente protocolares que não tiveram a dimensão política que estes tempos exigem”, lamentando que na cerimónia não se tenha falado de desemprego, problemas sociais e “dificuldades que a autonomia está a ter no âmbito financeiro e político com algumas decisões por parte do Governo da República”.
Já o PS, através de Berto Messias, elogiou os discursos e o sublinhado em relação ao “facto de a autonomia não estar circunscrita aos documentos legislativos, mas ser um instrumento fundamental para aumentar a qualidade de vida nos Açores”.
Berto Messias sublinhou ainda a ênfase colocado na importância da “requalificação da democracia e da credibilização da atividade politica”.
“Nestes momentos difíceis e profundamente conturbados, julgo que todos os políticos têm obrigação de qualificar a democracia, de cumprir os compromissos que assumiram durante as respetivas campanhas eleitorais e não podemos nunca resignar-nos”, afirmou.
A deputada do BE Zuraida Soares não esteve presente na sessão.
Lusa