Apesar de os dados de 2009 ainda não terem sido recolhidos, a presidente do Banco Alimentar Contra a Fome avançou à agência Lusa que se registou, pelo menos, um aumento de 15 por cento em relação a 2008, ano em que foram distribuídas 17 500 toneladas de alimentos.
“Pode dizer-se, sem arriscar muito, que nós recolhemos mais 15 por cento de alimentos do que em 2008”, sustentou Isabel Jonet, explicando que “em 2009 houve muitas retiradas de fruta e um programa comunitário de apoio alimentar a carenciados”.
Em 2008, os catorze Bancos Alimentares distribuíram alimentos num valor global estimado superior a 27 352 milhões de euros, com um movimento médio de 69,4 toneladas de alimentos por dia útil.
Segundo a responsável, os géneros alimentares recolhidos são distribuídos por mais de 1650 instituições que os entregam a cerca de 267 mil pessoas com carências alimentares comprovadas, sob a forma de cabazes ou de refeições confeccionadas.
Traçando o perfil das pessoas que procuram o Banco Alimentar, Isabel Jonet disse que são “pessoas carenciadas” que podem agrupar-se em: idosos com pensões baixas, crianças de famílias desestruturadas, deficientes, alcoólicos, toxicodependentes sem autonomia de vida.
Há ainda desempregados pontuais ou de longa duração (sobretudo pessoas de 50/55 anos) que já não encontram lugar no mercado de trabalho e famílias que, embora tendo um emprego, não auferem os rendimentos suficientes para garantir todas as responsabilidades assumidas, nomeadamente com créditos, explicou.
“Estes dois últimos grupos têm vindo a aumentar desde 2007, com especial relevo no último semestre”, frisou.
“Acresce que algumas pessoas que tinham duplo emprego para assegurar um determinado padrão de consumo ficaram sem um dos empregos, vendo assim muito reduzido o seu rendimento, sem no entanto estarem desempregadas, não aparecendo por isso nas estatísticas”, explicou.
Os Bancos Alimentares distribuem, ao longo de todo o ano, os géneros alimentares recorrendo a Instituições de Solidariedade Social por si seleccionadas e acompanhadas em permanência.
Incentivam também as visitas domiciliárias e o acompanhamento muito próximo e individualizado de cada pessoa ou família necessitada por estas instituições, de forma a ser possível efectuar, em simultâneo, um verdadeiro trabalho de inclusão social.
As campanhas mobilizaram, em 2009, 27 mil voluntários que disponibilizaram algum do seu tempo durante o fim-de-semana para participar nas campanhas de recolha (Maio e Novembro).
“Tarefas como a recolha nos estabelecimentos comerciais, o transporte, pesagem e separação dos produtos, foram integralmente asseguradas por voluntários, confirmando assim a entusiástica mobilização colectiva ao projecto do Banco Alimentar Contra a Fome”, salientou Jonet.
Sublinhou ainda que se “trata da maior acção de voluntariado organizada em Portugal, mostrando que a acção conjunta de todos os agentes de solidariedade gera resultados muito superiores aos que seriam obtidos se cada um deles resolvesse agir de forma isolada”.
Em Novembro 2009 foram abrangidas 1323 superfícies comerciais das zonas de Abrantes, Algarve, Aveiro, Braga, Coimbra, Cova da Beira, Évora e Beja, Leiria-Fátima, Lisboa, Oeste, Portalegre, Porto, Santarém, Setúbal, S. Miguel, Viana do Castelo e Viseu