“Vejo este anúncio como todos os portugueses com alguma preocupação, mas penso também que sem preocupação excessiva, pois está dentro de um contexto global que tem a ver com a retração estratégica que os Estados Unidos da América (EUA) estão a fazer em todo o mundo e também com o deslocamento do seu centro de interesse um pouco do Atlântico para o Pacifico”, explicou à agência Lusa o professor universitário e pró-reitor da Universidade Nova de Lisboa.
Severiano Teixeira falava à margem da conferência “Regionalismo e Organização Politica: A Europa, os Estados Unidos e a Relação Transatlântica, na Universidade dos Açores, em Ponta Delgada, no âmbito da Cátedra Jean Monet.
Questionado sobre o facto de os EUA terem anunciado a diminuição da sua presença militar na Base das Lajes, o ex-ministro da Defesa e da Administração Interna português referiu ser um processo que se insere “num movimento global dos EUA que terá que se compreender”.
“Há flutuações da cena internacional. Há flutuações do interesse estratégico norte-americano, atualmente, de retração estratégica e de deslocamento de interesse para o pacífico, mas a manutenção da base, a manutenção da presença norte-americana ainda que reduzida é um sinal de que a Base das Lajes continua a ter valor estratégico e que querem justamente continuar esta presença para poder evoluir se isto for necessário na evolução futura da cena internacional”, disse.
No caso português, sublinhou dois aspetos importantes, entre eles a questão de natureza estratégica no sentido da manutenção da Base e da presença americana nos Açores.
“E isso está assegurado. É um sinal de que a Base dos Açores continua a ter um valor estratégico para os Estados Unidos da América e é por isso que não a abandonam definitivamente”, sublinhou, acrescentando que a Base das Lajes “pode continuar a ter o mesmo valor estratégico na evolução internacional futura”.
Nuno Severiano Teixeira entende ainda que Portugal e as autoridades portuguesas “estão com certeza a fazer a negociação”, apontando, no entanto, para o problema social que tem a ver com a questão laboral e neste aspeto defendeu que é necessário “encontrar, tanto quanto for possível, alternativas que possam compensar essa questão”.
“Mas do ponto de vista estratégico julgo que a continuação da presença americana é o fundamental e é o sinal que os Açores e a Base dos Açores não perderam valor estratégico”, salientou.
Lusa