Bastonário alerta para possibilid​ade de”novo fluxo migratório​” de médicos para o Brasil

O bastonário da Ordem dos Médicos alertou hoje para a possibilidade de “um novo fluxo migratório” de clínicos para o Brasil, o que é “potencialmente muito negativo” porque fazem falta aos doentes portugueses.
Segundo José Manuel Silva, o Brasil “está a oferecer condições atrativas”, salários de 3.000 euros, “superiores àquilo que neste momento é pago em Portugal a especialistas”, o que pode levar “alguns ou até muitos médicos portugueses a optarem por emigrar”.
O bastonário falava aos jornalistas em Ponta Delgada, à margem do VI Fórum Ibero-americano de Entidades Médicas (VI FIEM), que decorre em São Miguel, nos Açores, até sexta-feira, tendo sido questionado sobre a intenção do Brasil em contratar 6.000 médicos cubanos, portugueses e espanhóis.
José Manuel Silva sustentou que esta eventual saída de médicos do país “é, na perspetiva dos doentes, potencialmente muito negativo”, porque “serão clínicos que fazem falta aos doentes portugueses”.
Por outro lado, acrescentou, “também custaram a Portugal muito a serem formados”.
“Um especialista médico fica caro ao país”, sublinhou, vincando que é “o país abrir mão dos seus especialistas para outros países” é “um erro do ponto de vista económico, humano, social e médico”.
Sublinhando que “a despesa em saúde não é um custo, é um investimento nas pessoas e no próprio país”, criticou que “às vezes alguns governos ou alguns políticos” tenham “uma visão muito redutora e muito economicista da saúde”.
A racionalização e o racionamento dos meios de diagnóstico é um dos temas em discussão no fórum, tendo o bastonário sublinhado que esta é uma situação que “preocupa” também a classe, nomeadamente em Portugal, um país que “tem estado sujeito a cortes sucessivos que estão a colocar em causa o normal funcionamento da saúde, a acessibilidade e a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde”.
Neste sentido, José Manuel Silva recordou a visita que fez na terça-feira aos hospitais das Caldas da Rainha e de Torres Vedras, voltando a manifestar-se contra a redução de camas naquelas unidades de saúde no quadro da reestruturação que deve ser implementada naquelas unidades.
“Lanço daqui um convite ao senhor ministro da Saúde para visitar os serviços de urgência do hospital de Torres Vedras e das Caldas da Rainha para verificar que está a funcionar para além do limite”, disse, acrescentando que naquelas unidades “é preciso fazer uma gincana entre as macas para os profissionais se conseguirem deslocar no espaço da urgência” e há doentes em salas de observações a aguardar internamento porque não há disponibilidade de camas.
Seis anos depois da sua constituição pela Confederação Médica Latino-americana e do Caribe, pelo Conselho de Colégios Médicos de Espanha e pela Ordem dos Médicos de Portugal, o FIEM constitui um fórum de discussão de problemas comuns e de afirmação da medicina latino-americana, segundo a organização.

 

Lusa

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