“Há anos que o Bloco de Esquerda/Açores tem vindo a dizer que é urgente elaborar um plano integrado de transportes aéreos marítimos e terrestres, mas o Governo regional tem teimado em adiar, apesar de se ter comprometido com a sua apresentação durante esta legislatura”, criticou a coordenadora regional do BE/Açores, Zuraida Saores, numa conferência de imprensa em Ponta Delgada.
Zuraida Soares sustentou que o plano visa “diminuir as despesas dos transportes na região” e frisou que “não existem medidas concertadas que, poupando dinheiro, possam dinamizar a economia do arquipélago e aliviar o bolso da populações”, seja nas deslocações entre as ilhas ou com o exterior.
“As populações têm sido confrontadas com as viagens mais caras do mundo, pois os preços praticados pela transportadora aérea regional SATA, com a cobertura do Governo Regional, têm transformado este direito num, verdadeiro luxo, só ao alcance de poucos e de cada vez menos açorianos”, apontou, ao criticar as medidas “avulsas” apresentadas pelo Governo Regional e pelo PSD/Açores, a poucos meses das eleições regionais, que se devem realizar em outubro.
Zuraida Soares referiu-se ao anúncio do Governo regional sobre a proposta de alteração das obrigações de serviço público nas ligações aéreas entre o arquipélago e o exterior que prevê uma redução em cerca de 40% nas tarifas, sem aumentar o financiamento público.
“Os contornos mais precisos desta iniciativa só foram conhecidos no princípio desta semana e ocultados dos seus principais destinatários”, apontou Zuraida Soares, para quem “falta vontade política ao Governo Regional para ordenar à SATA que baixe os preços imediatamente”.
A bloquista referiu-se também à proposta do PSD/Açores para criar um POSEI (programa de fundos comunitários) para os transportes: “Dirá o povo – e bem – que não há fome que não dê fartura, apesar de tudo continuar exatamente na mesma e de nenhuma passagem aérea ter sido aliviada, num cêntimo que fosse”.
“No contexto pré-eleitoral que se vive na região, as populações assistem perplexas à transformação do deu direito à mobilidade, numa arma de arremesso com fins, claramente, eleitorais, sem que se vislumbre uma solução viável para este problema – pelo menos, até depois do ato eleitoral de outubro próximo e dependendo, evidentemente, do partido que as ganhe”, afirmou.
Zuraida Soares considerou que os açorianos devem estar “alerta com as consequências que podem advir”.
“Alertamos para a possibilidade real de que estes anúncios de medidas avulsas, agora que se aproximam as eleições, tenham como corolário a privatização da SATA Internacional, permitindo que um mercado pequeno como o nosso fique completamente nas mãos da chantagem dos operadores internacionais, uma vez findos os respetivos contratos ou por denuncia dos mesmos”, vincou.
Zuraida Soares esclareceu que o BE não é contra a entrada de outras empresas na região, mas defendeu que “é preciso ter uma companhia que garanta um serviço público”.
Lusa